O nutricionista é sempre visto como aquela pessoa que vai lhe fazer deixar de comer tudo que você gosta ou que vai lhe dar uma lista de alimentos proibidos. Sim, se você come muito mal, talvez esta indicação será necessária. Mas vamos pensar por outro lado.
Concordo que muitos alimentos podem não conter a mesma quantidade de nutrientes devido ao amadurecimento artificial, ao refinamento, bem como à exposição a produtos químicos. Mas, se tudo fosse tão ruim, não sobreviveríamos. Acredito sim que, se conseguirmos ter bons hábitos, existe a possibilidade de nos mantermos bem sem radicalismos.
Dietas que restringem totalmente qualquer tipo de gordura são cada dia mais contraindicadas, pois os ácidos graxos destes alimentos são fundamentais para garantir a presença de matéria-prima para formação de hormônios, bom funcionamento das membranas das células e transporte de vitaminas, entre outras funções. O colesterol é a base para a formação dos hormônios sexuais, portanto deve estar presente na circulação, mas devemos cuidar da quantidade e da qualidade – isto significa que alguma gordura saturada pode ser consumida, inclusive ovos. Para haver boa distribuição dos tipos de gorduras, consuma também coco, abacate, castanhas, amendoins e peixes. Controle quantidades.
Se houver necessidade de consumir vitamina D, faça no almoço – assim, existe uma maior quantidade de gorduras para auxiliar na absorção, principalmente quando comparamos ao café da manhã e aos lanches.
Carboidratos são bem-vindos, desde que não refinados. Portanto, o consumo de batata, aipim, frutas etc. deve ser estimulado, sem exageros. São nossas principais fontes de energia. Caso você não consiga metabolizar bem este nutriente, em situações de diabetes ou resistência a insulina, quantidades devem ser restringidas, diferentemente de atletas, que precisam ser encorajados a consumir.
Proteínas, encontradas em alimentos de origem animal e em grãos e cereais, fornecem aminoácidos para manutenção dos nossos tecidos, imunidade, cicatrização etc. Se você é vegetariano, cuidado, deve ter uma ótima disciplina para consumir diferentes fontes vegetais que equilibrem esta demanda. Caso seja onívoro, sugiro cuidado com as porções consumidas, pois temos a tendência de consumir excesso destes alimentos, sejam carnes ou laticínios.
Vegetais verde-escuros são boas fontes de ferro, cálcio, magnésio, acido fólico e carotenos. Feijões e outros grãos contêm ferro e zinco, mineral também presente nas castanhas. Ovos são ricos em proteínas, carotenos e colina, fundamental para o cérebro.
Pimentas, vegetais e frutas são fontes de vitamina C, um potente antioxidante. Temperos naturais estimulam a digestão, são antifúngicos e, algumas vezes, anti-inflamatórios. Como o caso da cúrcuma, aquele pó amarelo que podemos acrescentar a diversos pratos. Sua ação benéfica é ainda maior na presença da pimenta-preta.
Os benefícios atribuídos ao vinho, são, na verdade, da uva tinta, ou melhor, do resveratrol, também presente na casca vermelha do amendoim ou na folha da azedinha, encontrada em feiras orgânicas.
Enfim, poderia citar vários outros exemplos, mas aqui temos uma amostra de que o consumo adequado de alimentos pode ajudar a prevenir algumas doenças e também tratar outras, corrigindo as deficiências de nutrientes.
Claro que podemos ter dificuldades na absorção de nutrientes, devemos cuidar da qualidade para não consumirmos alimentos cheios de fungos ou mofo (cada dia mais frequentes) e, certamente, devemos adequar a indicação de forma individualizada, mas já não podemos mais dizer que tudo é proibido. Com essa lista, é só variar.