Atualmente, o termo mais citado quando falamos de doenças é inflamação. Tentando explicar de maneira simples, substâncias chamadas citocinas inflamatórias alteram o funcionamento de células e tecidos no nosso organismo, provocando alterações que levam a doenças. Isso ocorre na maioria das doenças – diabetes, cardiopatias, problemas articulares, depressão e outras doenças neurodegenerativas.
Essas substâncias inflamatórias são produzidas em maior escala quando a alimentação é pobre e de baixa qualidade. Sim, é desta forma que a alimentação ruim lhe deixa doente, não por consumir um pouco mais ou um pouco menos de calorias.
Uma doença crônica como as citadas acima são resultado de anos de desequilíbrio alimentar, não de um final de semana (mas talvez de muitos finais de semanas descuidados).
Imagine que seu sangue deve transportar vitaminas, minerais, compostos bioativos, gorduras de boa qualidade e substâncias antioxidantes, mas está transportando gorduras trans, gorduras saturadas em excesso, muito açúcar e sal, muitas vezes, concentradas em pouco volume sanguíneo, resultado de desidratação. O resultado disto, a médio ou longo prazo, será a doença, dentre elas, o excesso de gordura corporal. Os efeitos vão desde uma gestação com sobrecarga para o bebê, até as patologias que anteriormente eram de idosos que hoje afetam jovens mal alimentados.
Pois bem, infelizmente, não é fácil comer bem. Alimentos saudáveis são caros e trabalhosos, mas o que mais me incomoda são aqueles alimentos também caros com cara de "saudáveis" na prateleira do supermercado e da lojinha "natural". A infinidade de biscoitos, cereais, bolinhos e sucos que são oferecidos como opções saudáveis, mas não são.
Biscoitos de farinha refinada, dito rico em fibras, mas com teor de gordura saturada elevado e com mais gordura do que fibra... Mas ninguém vai escrever "biscoito gorduroso" na embalagem. Granolas que contêm mais açúcar e cereais refinados do que aveia, castanhas e outros componentes saudáveis, além de preparadas com óleos ricos em ômega 6, que já consumimos em excesso.
Agora temos os chips de batatas assados, ricos em gordura saturada. Bolinhos sem glúten e sem nutrientes, também completamente refinados. Chocolates ricos em cacau, mas cheios de gordura vegetal hidrogenada. Sucos de fruta nos quais o teor de suco é menor do que a proporção de açúcar. Pratos semiprontos com temperos artificiais, ricos em glutamato monossódico e a embalagem plástica (pronta para aquecer) lhe ofertam mais toxinas do que nutrientes. Bebidas sem calorias, mas ricas em corantes, adoçantes, conservantes.
E por aí vai... Parece saudável, mas não é!
Em certa situação, uma paciente para a qual prescrevi lanches com frutas, castanhas, alguns cereais específicos etc., ao final da minha orientação, me questionou se o lanche não poderia ser mais "normal". Ãh? Como assim? Ela me explicou: lanche normal é pão, bolacha, bolo, biscoito, cappuccinos, sucos, barra de cereais, sorvete dietético. Realmente entendi porque ela deveria estar recebendo orientação nutricional.
Não se iluda com o valor calórico baixo, não se iluda com a tarja das embalagens, são poucos alimentos industrializados que consideramos saudáveis. As exceções são alguns chocolates que boa qualidade feitos com manteiga de cacau, alguns iogurtes com probióticos, alguns pães, alguns sucos. Ainda não inventaram nada mais normal do que a comida preparada em casa, com ingredientes naturais, frutas, lanches caseiros. Fique de olho na qualidade para não ser iludido.
Não precisa ser natureba, mas exceção é exceção.