O larvicida que segundo médicos argentinos causaria microcefalia em fetos humanos nunca foi utilizado na Polinésia, afirmou nesta terça-feira à Agência France Press o Centro de Higiene e Salubridade de Papeete, na Polinésia Francesa.
Os pesquisadores argentinos sugerem um vínculo entre as microcefalias e o piriproxifen, um inibidor de crescimento que impede que os mosquitos cheguem à idade adulta. Este produto foi utilizado no Brasil, onde foram notificados cerca de 4 mil casos de bebês com microcefalia – até o último boletim, divulgado pelo Ministério da Saúde na semana passada, 462 foram confirmados.
A Polinésia Francesa usou um insecticida durante as epidemias de zika, mas se tratava da deltametrina, e não do piriproxifen.
– Usamos o temephos e o BTI como larvicidas em água parada, e sprays de deltametrina para combater o mosquito adulto – disse à AFP Glenda Mélix, chefe do Centro de Higiene e Saúde Pública na Polinésia Francesa. – A deltametrina é utilizada há décadas na Ilha da Reunião, na Martinica, em Guadalupe e na Nova Caledônia na luta contra o mosquito, sem nunca ter sido associada a anormalidades em seres humanos – afirmou.
A eliminação das larvas ou do mosquito é o meio mais utilizado para combater a epidemia de zika. Mélix garante que esses produtos também são usados contra outros vírus transmitidos por mosquitos, como a dengue e a febre chikungunya.
O aumento de casos de microcefalia na Polinésia foi constatado a partir da epidemia de zika. O vírus afetou pelo menos 60% da população polinésia durante a epidemia de 2013-2014, de acordo com autoridades locais e causou 42 síndromes de Guillain-Barré.
É suspeito de ser associado a 18 casos de malformações fetais, dos quais 10 a 12 são microcefalia, contra 1 a 2 por ano em épocas normais.
– O zika é agora a hipótese mais séria para explicar as microcefalias – disse um médico especialista em zika na Polinésia, que não quis ser identificado antes de ler o estudo argentino. As autoridades nacionais e locais de saúde estão trabalhando em conjunto para monitorar as possíveis consequências do vírus nesta área, uma das primeiras a ter epidemia de zika.