Se você se esforçar bastante, conseguirá manter seu emprego por 20, talvez 30 anos. O mesmo vale para o casamento. Com muita dedicação chegará às bodas de diamante, passará uma vida ao lado de alguém. A saúde também pode durar décadas. Você pode chegar até os cem anos de idade, basta uma série de privações e abandonar por completo tudo aquilo que o faria querer viver até os cem anos. Mas há uma coisa que não se consegue manter, independentemente de esforço ou dedicação.
Pai algum consegue manter seus filhos pequenos. De forma inevitável, eles crescem e dolorosamente se envergonham da época em que eram crianças. Se antes adoravam dormir na mesma cama, agora querem um quarto só pra eles. Se antes pediam companhia para desenhar, agora querem o próprio smartphone. Se antes queriam histórias para dormir, agora voltarão tarde de carona com amigos.
Pedirão que os pais não os deixem muito perto da escola. Que não apareçam nas festas para buscá-los. Que não atendam o telefone quando os amigos ligarem. Que viajem mais e deixem a casa disponível. O filho vai expulsando você da sua própria casa. Vai sistematicamente dizendo que você o constrange. Que agora ele sabe se cuidar sozinho, desde que você deixe algum dinheiro em cima da mesa. Não importa o quanto se esforce, você perderá seus filhos em algum momento da vida.
Que se lembrem das fraldas, das mamadeiras, das madrugadas. Que se lembrem dos beijos nos machucados. Das vezes em que você correu pra ajudar. Dos presentes de aniversário parcelados em 10 vezes. Que se lembrem dos sacrifícios e dos abraços. E que, um dia, sintam saudade e voltem. Estaremos sempre aqui.