Esqueça aquela desculpa "não começo um exercício físico porque me falta tempo" depois de conhecer a história de Jaime Maria da Rocha, 46 anos. O caxiense, que começou no esporte ainda adolescente, trabalhava 12 horas por dia quando resolveu encarar a primeira ultra, em 1995:
- Treinava de madrugada, na parte da manhã ou ao final do dia.
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Jaime tinha feito a primeira maratona em 1992, em São Paulo, onde morava desde 1985. Tinha o sonho de fazer uma abaixo de três horas. Conseguiu em Blumenau (SC). Um tempo depois, se impôs um objetivo de tempo em uma prova, mas não foi bem. "Meu castigo vai ser correr uma ultramaratona, para eu aprender a treinar e a me focar mais no que quero fazer", pensou à época.
Ficou surpreso com o resultado:
- Em maio de 95 fiz a ultramaratona de 100 quilômetros de Santos e fui o 10º colocado no geral, com 8h08min.
Histórias de seis ultramaratonistas nos mostram que eles não são loucos varridos
A voz serena de Jaime quase não nos deixa desconfiar que já tem no histórico mais de 30 ultras e de cem maratonas.
Em 2000, fez a terceira melhor marca sul-americana nas 24h, de 233 quilômetros na pista do Ibirapuera.
- Pensei que as portas iam se abrir. Sempre tive o sonho, como amador, de competir fora do país - conta.
Mas se a vida para os maratonistas já não é fácil em incentivos, para os ultra é ainda mais complicada. Além disso, o preço para participar de uma prova desse tipo não costuma ser barato.
Hoje trabalhando em uma empresa de materiais de fricção, Jaime está de volta a Caxias. No momento, não está treinando para prova maior do que uma maratona (42,195 quilômetros). Sabe pisar no freio e mostra que os ultramaratonistas não são loucos que saem a correr despreparados.
Assim como os outros atletas desse tipo, sempre esteve em busca do limite do próprio corpo. Por se conhecer melhor, explica Jaime, o ultramaratonista dificilmente vai se machucar seriamente ou correr uma prova dessas sem planejamento. Algo que é bem mais comum entre maratonistas e corredores de 21 quilômetros:
- Agora estou tentando focar em outras provas. Até maratona. Faço um retrabalho muscular, uma reconstrução psicológica, tudo dentro do conhecimento que tenho de mim mesmo. Quem conhece o Jaime? Só ele mesmo. Eu sei até onde posso ir, onde é o meu limite.
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