A conversa com cada um dos seis ultramaratonistas ouvidos para esta reportagem flui como se o mundo fosse bem pequeno, ainda que eles corram distâncias que podem separar países. Enquanto cada um conta sua história, a referência a um outro colega surge no bate-papo.
- Esse cara, o Márcio, além de ser um palhaço, no bom sentido, é um irmãozão para mim. Ele brinca que é meu fã, mas hoje se inverteu a história, pela própria trajetória dele. Os ultramaratonistas se respeitam demais. Quem ganhar ganhou - descreve o caxiense Jaime Maria da Rocha quando pergunto se ele conhece Márcio Villar.
Maria Rita Horn: as reações do corpo na ultramaratona
Se, para muitos que ouvem pequenos trechos de suas histórias, esses corredores só parecem loucos sem ter outras metas de vida, os seis ressaltam que, ao buscar os limites do corpo, dificilmente competem entre si. Jaime, Márcio e Vladmi fazem questão de dizer que ganharam grandes amigos nas linhas de chegada mundo afora.
Por isso, na ausência de prêmios substanciais e muitas vezes tirando do bolso pequenas fortunas para correr provas que podem custar mais de US$ 3 mil, esses corredores de situações extremas admitem que aprendem mais do que os limites de resistência quando se jogam em distâncias quase inimagináveis para um corredor comum. Alguns amam a adrenalina e até mesmo se viciam na busca de atividades mais desafiadoras. Mas, às vezes, correr 100 quilômetros pode se converter em solidariedade.
O percurso que Vladmi dos Santos fará em Quito, no Equador, em julho, é de 250 quilômetros. Quem quiser ajudar escolas pobres de Moçambique pode "comprar" trechos corridos por ele.
- Isso que importa. A gente está dando exemplo - diz o atleta de Rio Grande, no sul do Estado.
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