Daniela Santarosa, 38 anos, de Porto Alegre, ainda que tetracampeã da Travessia Torres-Tramandaí (TTT), prova de 82 quilômetros, considera-se uma novata nesse tipo de prova:
- Confesso que sempre considerei "fora da casa" as pessoas que faziam esse tipo de coisa, doidos, alucinados. Não imaginava que conseguiria esse feito tão rapidamente.
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Dores e sensações se misturam no decorrer de percursos como a TTT e a Patagônia Run, quando Daniela teve de encarar 100 quilômetros com temperaturas negativas e neve pelo joelho, em 2013, na Argentina.
- Nenhuma ultramaratona é moleza. Depois de um certo ponto, quem manda é a cabeça - diz.
Além da sensação de superar um limite e de vencer um desafio, a corredora e jornalista lembra que esses atletas adquirem sabedoria em administrar a dor e valorizar o alívio. Ela admite que, em resumo, "corre para se sentir viva" e que só quem corre mesmo pode entender do que ela está falando. Desistir no meio de uma prova não é alternativa que considere válida.
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- Mas penso que quem casa com ultramaratonista ou triatleta tem de ter muita paciência e gostar de acompanhar. Ou ser corredor também, o que considero a melhor opção - reconhece Daniela, entre risos.
Hoje, a atleta afirma que está repensando o planejamento para o segundo semestre do ano. Para ela, a falta de incentivos a corredores no Estado e no país tem sido forte causa de desmotivação, diante dos valores caros de inscrições e dos poucos prêmios para quem chega ao pódio.
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