Pessoas que têm ataques de raiva correm um risco maior de, nas duas horas seguintes, sofrerem um infarto ou derrame, aponta um estudo de cientistas europeus publicado na terça-feira.
O estudo é o primeiro a confirmar, com base em estatísticas, a relação entre emoções fortes e risco cardíaco, embora as causas biológicas exatas ainda sejam desconhecidas.
Nas duas horas seguintes a um ataque de raiva, o risco de infarto do miocárdio ou síndrome coronária aguda aumenta 4,7% em comparação com um momento de calma, aponta o estudo.
Já o risco de derrame cerebral aumenta 3,6%, enquanto também sobem as chances de arritmia. Em pessoas com problemas cardiovasculares, o risco é ainda maior.
- Apesar de o risco de sofrer um problema cardiovascular agudo seja relativamente baixo com apenas um ataque de raiva, ele aumenta entre pessoas que têm ataques frequentes - explicou Elizabeth Mostofsky, da Harvard School of Public Health de Massachusetts (Estados Unidos).
- Isso é particularmente certo para os que possuem mais fatores de risco ou para os que tenham sofrido ataques cardíacos, derrames ou tenham diabetes - acrescentou.
Segundo as estatísticas dos pesquisadores, em um grupo de 10 mil pessoas com baixo risco cardiovascular que se aborrecem apenas uma vez por mês, registra-se um ataque cardíaco a mais do que a média. Este aumento pode ser de até quatro casos em cada 10 mil pessoas em indivíduos com alto risco cardiovascular.
O estudo, publicado pelo European Heart Journal, reúne as conclusões de nove estudos anteriores. A pesquisa analisou mais de 5 mil casos de ataque cardíaco, e pelo menos 800 de derrame.
Até hoje, os estudos sobre este tema baseavam-se em grupos pequenos e os resultados eram pouco confiáveis, segundo os cientistas.
A nova análise não revela, no entanto, as causas biológicas da relação entre a raiva e os ataques cardíacos.
Os autores citam estudos anteriores, que mostram que o estresse emocional aumenta a frequência cardíaca e a pressão sanguínea, e que estas alterações podem provocar trombose e estimular uma resposta inflamatória do sistema imunológico.
No entanto, assinalam, ainda é necessário definir como funciona esta relação, a fim de que os médicos saibam se é melhor seguir um tratamento para reduzir o colesterol ou a pressão, procurar ajuda psicológica, ou uma combinação dos dois tratamentos.