Chacoalhar bebês e crianças para acalmá-los ou durante brincadeiras pode ser perigoso e causar lesões cerebrais graves, que resultam na síndrome do bebê sacudido. O assunto entrou em discussão após Robert Roberson ser condenado à pena de morte pelo Tribunal Distrital do Condado de Anderson, no Texas, pelo diagnóstico da filha.
Diagnosticada com a síndrome da criança sacudida, Nikki Roberson morreu em 2002, aos dois anos. Médicos que investigaram o caso indicam que a condição é resultado de abuso infantil cometido por maus-tratos do seu pai, Robert Roberson, 56 anos, condenado à execução com injeção letal que deverá ocorrer na quinta-feira (17).
A defesa do pai, que é diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA), contesta a versão e alega que Nikki morreu devido a um quadro de pneumonia, enquanto as lesões cerebrais seriam decorrentes a uma queda da cama ocorrida durante a noite que antecedeu a morte. As informações são do g1.
Conforme explica o neurocirurgião pediátrico Alexandre Canheu, sacudir o bebê com força pode danificar o cérebro e comprometer a oxigenação adequada. Esses movimentos intensos resultam em hemorragias, hematomas e danos cerebrais permanentes.
— Em um primeiro momento, com o choque, podem ocorrer pequenas lesões que provocam pequenos sangramentos cerebrais. No começo, a criança fica apenas irritada, mas, ao longo do tempo, isso acaba comprometendo o desenvolvimento neurológico, pois afeta o cérebro como um todo — alerta.
Sintomas da síndrome do bebê sacudido
As consequências mais frequentes ocasionadas pela síndrome incluem contusões, rompimento de fibras nervosas e edema do sistema nervoso central. Os sintomas decorrentes dessas lesões são variados, por isso é importante procurar ajuda médica ao identificar primeiros sinais:
- Alteração do nível de consciência
- Irritabilidade
- Problemas respiratórios
- Sonolência
- Recusa alimentar
- Vômitos
Identificando a síndrome do bebê sacudido
Alexandre Canheu ressalta a importância de identificar rapidamente esses sinais para iniciar o tratamento adequado:
— A maioria dos pacientes não apresenta lesões físicas visíveis, mas é possível observar hemorragias subdurais, subaracnoideas e retinianas.
Ele explica que, no hospital, para identificar a síndrome do bebê sacudido, é necessário atenção com a criança que chega no pronto-socorro, realizando exames neurológicos.
— Entre os procedimentos comuns, estão a anamnese detalhada, exame físico minucioso com exame de fundo de olho, tomografia computadorizada, ressonância magnética e biomicroscopia de fundo de olho. É importante destacar que, na grande maioria das vezes, crianças com quadros assim foram alvo de abuso infantil e maus-tratos — comenta.
As consequências da síndrome do bebê sacudido mais frequentes são a cegueira total ou parcial, surdez, atraso na aprendizagem e a deficiência intelectual. Nos casos mais graves, a criança pode morrer.
No caso de Nikki, a júri alega que a síndrome é resultado de agressões por parte do pai. A defesa de Roberson rechaça a hipótese e pede aos médicos que considerem outros fatores para o diagnóstico da condição, como acidentes em que a criança bate a cabeça durante alguma brincadeira ou até um trauma devido a queda da cama, versão defendida pelo pai.