Com o aumento na procura por atendimento na Unidade de Saúde Conceição, na zona norte de Porto Alegre, e pouco espaço para comportar a demanda, pacientes madrugam na fila para conseguir agendar consultas para os próximos 15 dias. A espera pode ser tão longa e cansativa, que há quem aguarde sentado na calçada.
A vendedora Tamara Nádia Mabilde Soares, 68 anos, foi uma das que chegou às 6h desta quarta-feira (25) e enfrentou uma espera longa para garantir um encaminhamento para uma cirurgia.
— A maioria das pessoas aqui tem mais de 60 anos, pessoas com muleta, com dificuldade para andar, enfim. Então assim, o pessoal daqui merece todo o meu reconhecimento, mas como eu digo, uma andorinha só não faz verão. É preciso que haja um comprometimento maior — opina a paciente sobre a estrutura.
Tamara conseguiu ser atendida duas horas e meia depois da chegada, por volta de 8h30min. A reportagem esteve no local pouco depois, próximo das 9h45min. Apesar de não haver mais fila, pacientes aguardavam há mais de uma hora para fazer um agendamento, como o vigilante Euclides Delmar dos Santos, 55, que esperava sentado na calçada.
— Eu cheguei 8h30min e deve ter uns 18 na minha frente ainda — estimava.
Segundo a assistente de coordenação da Unidade de Saúde Conceição, Lisiane Passos Veleda, o problema não é de hoje e ocorre em razão do crescimento da população no bairro e da falta de espaço. Ela explica que atualmente são 17 mil prontuários de famílias cadastrados e que, considerando uma média de quatro pessoas por grupo familiar, o número de pacientes se eleva bastante para o tamanho da unidade.
— A gente está nesse posto há mais de 10 anos e a estrutura que nós temos é uma casa alugada. Isso dificulta muito para os profissionais e para os pacientes, que não têm um local adequado para aguardar. A gente não tem consultório suficiente para atender e a demanda aumentou bastante, sim — esclarece Lisiane.
Desde dezembro, a alternativa adotada pelo posto foi mudar o agendamento na véspera da consulta para a modalidade em que a pessoa vem a partir de uma data previamente anunciada para marcar um horário nos 15 dias seguintes. Ainda assim, a unidade não comporta a procura.
Nesta quarta-feira, que abria o período de marcações para a próxima quinzena, a fila começou antes das 6h e, no meio da manhã, o espaço em frente ao posto, que é coberto e tem poucas cadeiras, estava lotado. O restante das pessoas estava espalhado na frente do local, em um dia de temperatura acima de 30ºC.
Espaço menor do que o necessário
A reportagem de GZH questionou o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que administra a unidade, para verificar se existe um plano para reformular o atendimento ou para ampliar a estrutura. Conforme a gerente de Saúde Comunitária do GHC, Helena Beatriz Silveira Cunha, a unidade de saúde tem sete equipes, o que é considerado adequado, porém ela reconhece que o espaço é menor do que o necessário.
— Já foram feitas diversas adaptações, tentando otimizar as áreas existentes, mas chegou no limite. Há mais de três anos, procuramos na região algum outro imóvel que tenha dimensão adequada para propiciar melhor atendimento, mas não conseguimos até o momento — afirma.
A gerente salienta que o GHC está em negociação com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para a cedência do terreno ao lado da Escola Estadual Dolores Alcaraz Caldas — a menos de dois quilômetros do local onde fica o posto hoje — para a construção de uma nova unidade. GZH entrou em contato com a prefeitura de Porto Alegre sobre o assunto, mas a Administração não retornou até o fechamento da matéria.