O grupo da Saúde do gabinete de transição do governo federal vai sugerir, em seu relatório, a realização de um concurso público para recomposição do quadro de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com déficit atual de 30%, seriam necessários cerca de mil profissionais para recompor o quadro técnico do órgão, um dos mais demandados em meio à pandemia da covid-19. Uma reunião entre Anvisa e GT da Saúde ocorreu nesta quarta-feira (23).
— Foi externada a preocupação importante de recomposição do quadro técnico da Anvisa, assim como outras questões relativas à integração de dados da Anvisa com o Serpro (empresa de tecnologia de dados do governo federal)— afirmou José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde e integrante da transição de governo.
O diretor-presidente da agência, Antônio Barra Torres, confirmou a necessidade de reposição dos quadros técnicos para agilizar a avaliação de imunizantes e medicamentos, por exemplo. Barra Torres avalia que há preocupação com novas nomeações.
— Como é de conhecimento de todos, expomos a situação da Anvisa. Percebemos uma nítida preocupação do governo eleito com a questão — disse.
Questionado pela reportagem, o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, também membro da transição, ressaltou não poder prometer a realização de concurso, mas destacou que essa será uma das principais recomendações do grupo. Além disso, destacou que já existe um concurso realizado e que parte dos aprovados poderão ser nomeados nos próximos meses.
Risco de desabastecimento
O grupo técnico se reúne ainda nesta quarta com Marcelo Queiroga, atual ministro da Saúde. A ideia é fazer uma visita protocolar e solicitar dados acerca de vacinação e estoques de medicamentos. O governo de transição demonstra preocupação com a possibilidade de falta de medicamentos para tratamentos como hepatites, HIV/aids e transplantados.
— O desabastecimento hoje é uma realidade. Tivemos uma reunião muito boa com a Anvisa, mas sozinha ela não pode resolver. Vamos ter de aumentar a capacidade de interlocução com o Ministério da Saúde e a gente espera que nós enviem os dados nos próximos 10 dias — completou Chioro.