Diante de um novo aumento de casos de covid-19, alguns municípios gaúchos estão se mobilizando para voltar a exigir o uso de máscaras nas escolas. Em Capão da Canoa, no Litoral Norte, a medida está valendo desde terça-feira (17) e seguirá pelos próximos dias, até que se avalie novamente o cenário epidemiológico.
A prefeitura de Canoas, na Região Metropolitana, publicou decreto na sexta-feira (20) em que retoma a obrigatoriedade da proteção nas instituições de ensino. Mesma medida adotada pelas cidades de Guaíba, Jóia e Dom Pedro de Alcântara.
Nesta segunda-feira (23), mais duas cidades juntaram-se à lista. Em São Leopoldo, o uso de máscara voltará a ser obrigatório, e a medida passa a valer nesta quarta (24). Em Eldorado do Sul, a decisão vale apenas para escolas municipais.
Para especialistas consultados por GZH, o uso da máscara ainda é importante em sala de aula, principalmente em épocas de grande circulação de vírus respiratórios, como outono e inverno.
Questionada se estuda a possibilidade de voltar a exigir o acessório nas escolas, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) apenas informou que recomenda a proteção para crianças de seis a 12 anos em ambiente escolar - ela está totalmente desobrigada no Estado desde abril. Em Porto Alegre, onde o uso da máscara virou facultativo em março, o assunto não está em discussão, informou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O tema preocupa porque há um novo aumento de casos de covid-19, o que levou o Piratini a emitir alerta para todas as 21 regiões após nove semanas sem qualquer emissão de algum sinal. Nos últimos dias, escolas da Região Metropolitana foram fechadas e aulas foram suspensas para conter a onda de contágio entre alunos, professores e funcionários.
Em nota, o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe-RS) diz que a decisão pelo uso da máscara é de cada família, e informou que as instituições privadas de ensino estão atentas ao cenário de aumento de casos, orientando alunos e professores com sintomas gripais a ficarem em casa.
Infectologistas observam que a máscara ainda deve ser mantida em sala de aula, principalmente entre os alunos mais novos, já que protege não apenas contra a covid-19, mas também contra o vírus sincicial, principal causador de internações de crianças em meses de frio.
— Antes, a máscara na criança era recomendada principalmente para não transmitir o coronavírus para adultos. Mas, neste momento, temos outros vírus em circulação, como o sincicial, influenza e adenovírus — diz o infectologista pediátrico Marcelo Comerlato Scotta, do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
Na avaliação do médico, toda vez que uma criança estiver em ambiente fechado ela deve usar a máscara, ainda que não estiver apresentando sintomas respiratórios.
No caso de estar tossindo, espirrando ou com outros sinais de gripe, o ideal é que não vá para a escola e fique em casa, observa o infectologista e pediatra Marcelo Otsuka, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Mas, se tiver de ir, que vá com boca e nariz protegidos. E a classe toda deve voltar a aderir ao acessório quando mais de um colega receber o diagnóstico de covid-19.
— Se há mais de um caso na turma, todos tem que usar a máscara. Se há surto na escola, toda a escola tem que usar. Se começa a ter crianças gripadas, elas nem devem ir para a escola. Mas, se estão indo, que usem máscara nesse momento — orienta.