Os principais indicadores de análise da pandemia confirmam, neste início de semana, a perda de velocidade da variante Ômicron no Rio Grande do Sul, com melhora nas curvas de novos casos e de internações pela doença. O cenário, contudo, é considerado incerto entre estudiosos que monitoram a pandemia, visto que ainda não há queda consistente nos indicadores.
A média móvel de casos oscila há dez dias em patamar elevado, mas sem bater novos recordes. O último pico, com média de 17.686,4 novos casos, foi registrado em 28 de janeiro. Nesta segunda-feira (7), foram registrados mais 4.690 casos. Assim, a média móvel é de 15.206,6 novos casos por dia.
O cálculo de média móvel é usado por especialistas e governos para avaliar o comportamento dos novos casos e mortes confirmados diariamente, visto que em alguns dias da semana há mais inclusões de dados no sistema do que em outros.
Internações clínicas têm semana de estabilidade
Por apresentar expressiva subnotificação e atrasos de lançamento, o indicador de casos é considerado parcialmente confiável para avaliar, em tempo real, a pandemia. Assim, os estudiosos recorrem a outros dados, entre os quais os números de pacientes com covid-19 em leitos clínicos e em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais.
Nas internações em leitos clínicos, os dados mostram melhora na comparação com as semanas anteriores. Na semana retrasada, o número de pessoas internadas nesses leitos havia subido 79,3%. Na semana passada, cresceu 23,2%. Nos últimos sete dias, esse número não apenas deixou de crescer como apresentou leve redução, de 1,8% – o que é considerado estabilidade por especialistas.
— Tem vários indicadores diferentes que mostram que parece que estabilizou. Mas estabilizar não quer dizer que depois vai descer. Não quer dizer que porque chegou em um platô vai descer depois. Depois de estabilizar pode voltar a subir. A gente precisa de mais de tempo para ter certeza — avalia Lucia Pellanda, epidemiologista e reitora da UFCSPA.
Nas UTIs, a melhora também é perceptível, porém, mais discreta. Na semana retrasada, o número de pessoas internadas nesses leitos de alta complexidade havia subido 52,4%. Na semana passada, cresceu 23,4%. Nos últimos sete dias, o total de internados em UTIs subiu menos: 11,6 %.
O indicador de mortes é sempre o último a refletir qualquer mudança de comportamento na pandemia. Por este motivo, diante do atual momento de incerteza, o coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schwartzhaupt, diz que espera uma queda nas mortes para confirmar uma mudança consistente de comportamento da Ômicron no Rio Grande do Sul.
— Eu considero que vemos atualmente uma desaceleração. Penso que é desaceleração até que vejamos essa melhora refletida em uma queda de óbitos — diz o cientista de dados.
Nesta segunda-feira, foram registrados mais dez óbitos pela doença no Estado. Com essa atualização, a média atual é de 44,6 mortes por dia por covid-19.