O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pretende anunciar nesta segunda-feira (21) o fim das restrições para impedir a propagação da covid-19, com a mensagem de que chegou o momento de seguir adiante, apesar da oposição política e da relutância das autoridades de saúde.
Dois anos depois de a covid-19 provocar a crise mais grave em várias gerações no país, Johnson apresentará seu plano ao Parlamento. Nem mesmo o anúncio, no domingo (20), de que a rainha Elizabeth II testou positivo para o coronavírus fez o primeiro-ministro mudar de ideia. A monarca de 95 anos tem um quadro leve, com sintomas parecidos com os de um resfriado. O Palácio Buckingham informou que ela cumprirá tarefas leves durante a semana.
Os partidos de oposição acusam Johnson de querer distrair a atenção, no momento em que seu cargo está em perigo pela investigação sobre uma série de festas na residência oficial de Downing Street durante o período de confinamento.
Ele também é acusado de querer agradar aos representantes conservadores que estão insatisfeitos com as restrições às liberdades públicas.
— Hoje marca um momento de orgulho depois de um dos períodos mais difíceis da história do nosso país, pois começamos a viver com a covid — disse o líder conservador nesta segunda-feira, antes do conselho de ministros para aprovar o plano.
Johnson destacou que a pandemia não acabou, mas que, graças à "incrível" campanha de vacinação, o país está um passo mais próximo de "voltar à normalidade" e de "finalmente devolver a liberdade às pessoas", sem abandonar a proteção.
De acordo com o plano, o governo pretende anunciar esta semana o fim da obrigação legal de autoisolamento das pessoas quando infectadas.
Outros aspectos do plano incluem a delegação às autoridades locais da gestão de futuros surtos, com as medidas legais prévias e o fim dos testes gratuitos para detectar a covid.
"Pouco sábio"
A Confederação do NHS, que representa as principais autoridades do sistema nacional de saúde, afirmou que uma pesquisa interna mostrou que a maioria dos integrantes é contrária ao fim das medidas de isolamento e dos testes gratuitos à população.
O presidente-executivo da Confederação, Matthew Taylor, admitiu que o programa de vacinação do governo e a chegada de novos tratamentos contra a covid oferecem uma "verdadeira esperança".
— Mas o governo não pode chegar, balançar uma varinha mágica e agir como se a ameaça tivesse desaparecido por completo — acrescentou.
David Nabarro, delegado da Organização Mundial da Saúde (OMS) especializado em covid, afirmou que eliminar a lei sobre o isolamento dos infectados parece "realmente pouco sábio".
O Reino Unido registrou uma das piores taxas de morte per capita da pandemia.
— Realmente, me preocupa que o Reino Unido esteja adotando esta linha que vai contra o consenso de saúde pública e que outros países afirmem: 'Bem, se o Reino Unido está fazendo, então por que não nós? — disse Nabarro.
A oposição trabalhista afirmou que a medida de eliminar os testes gratuitos é como "substituir seu melhor zagueiro 10 minutos antes do fim de uma partida".
— Boris Johnson está declarando vitória antes do fim da guerra, em uma tentativa de distrair a atenção da polícia que bate a sua porta — criticou a porta-voz de questões de saúde do Partido Trabalhista, Wes Streeting.