A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre nega a possibilidade de ter aplicado vacina vencida contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford, conforme informa reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta sexta-feira (2). De acordo com o jornal, 86 doses com o prazo de validade expirado foram administradas na Capital.
A SMS diz que recebeu o lote em 25 de janeiro e que o prazo terminava em 14 de abril. A pasta assegura que, na Capital, os frascos foram distribuídos dentro da validade, e as doses destinadas, em sua maioria, a profissionais da saúde vinculados a hospitais.
Na interpretação do coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, pode ter havido algum erro de digitação dos dados no momento em que as doses aplicadas foram computadas no sistema do Ministério da Saúde. Ele diz que não existe a possibilidade de um frasco recebido em janeiro ter sido administrado somente depois de 14 de abril.
— O hospital teria que ter guardado por meses o frasco. Não faz sentido. Os hospitais não ficariam com um frasco guardado para vencer e depois aplicar. Se sobrou uma dose para o dia seguinte, tem que ser descartada após 48 horas. Não faz sentido entregar um frasco em janeiro e ficar até abril com ele. Vamos depurar cada um dos casos. Deve ter tido erro de registro — diz Ritter.
Outra observação que o coordenador da Vigilância em Saúde faz é sobre o número de doses que a Folha diz terem sido aplicadas na Capital. O levantamento da reportagem informa que, dos 19 locais de Porto Alegre que administraram doses vencidas, em 10 houve apenas uma aplicação, ou seja, somente uma dose.
— Cada frasco de vacina rende 10 doses. Não existe isso de sobrar uma dose para vacinar, a dose vencer e ser usada outro dia. Não faz sentido — diz o coordenador.
Ele também afirma que os hospitais e unidades de saúde citados pela reportagem da Folha foram contatados pela equipe da SMS e todos foram unânimes em dizer que não aplicaram doses vencidas.
A SMS diz que irá checar cada um dos 86 casos e entrar em contato com a pessoa que pode ter sido imunizada com dose vencida. Se confirmado o erro, ela será novamente vacinada.