O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Maneco Hassen, afirma que dezenas de prefeituras do Estado receberam ofertas por vacinas contra a covid-19 vendidas de forma paralela às negociações do governo federal. Segundo ele, algumas propostas eram "mirabolantes" e envolviam diversas marcas de imunizantes.
Em meio a incertezas no início do ano, prefeitos recém-eleitos, e até os que enfrentavam a pandemia desde 2020, receberam ofertas por meio de mensagens, ligações e em visitas pessoais. Hassen conta que até vídeos com supostos lotes de vacinas chegando em São Paulo eram divulgados.
— No início do ano, nós (prefeitos) tínhamos dúvidas. Isso obviamente causou em todos nós uma ansiedade enorme por mais vacinas — disse Hassen, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta segunda-feira (5).
Segundo o presidente da Famurs, tudo foi denunciado ao Ministério Público e ao Ministério da Saúde. Ainda conforme Hassen, a Famurs passou a concentrar as negociações como forma de proteger os prefeitos.
As negociações por vacinas ganharam os holofotes na CPI da Covid, do Senado, nos casos envolvendo a Covaxin, da Índia, e a AstraZeneca/Oxford.
Na última quinta-feira (1º), por exemplo, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirmou, na CPI, que no dia 25 de fevereiro, durante um jantar em Brasília, recebeu um pedido de propina do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias para que um contrato pelo imunizante da AstraZeneca avançasse.
De acordo com o vendedor, teria sido pedida propina de US$ 1 para cada dose. Roberto Dias foi exonerado na quarta-feira (30). Na CPI, aliados do presidente Jair Bolsonaro negaram que o governo tenha cometido irregularidades.