Serviço do governo federal criado para permitir acompanhar o histórico de atendimentos de saúde do paciente na rede pública, via portal ou aplicativo, o Conecte SUS tem surpreendido usuários que conferem a aplicação das vacinas contra a covid-19.
Há casos de registros na Carteira Nacional Digital de Vacinação com erro em datas e até no nome do imunizante, além de situações em que nenhuma informação está disponível, semanas depois, sobre as doses recebidas. Autoridades de saúde ressaltam a importância de conferir se os dados estão corretos, evitando-se contratempos futuros.
Atualmente, conforme o aplicativo alerta na tela inicial, o Conecte SUS apresenta somente informações da imunização contra a covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, os registros devem estar disponíveis em até 10 dias após a entrada na Rede Nacional de Dados em Saúde, feita por Estados e municípios, por meio do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) ou por sistemas próprios, integrados à rede.
Gradativamente, serão disponibilizadas as demais vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em caso de ausência ou divergência de informação sobre as vacinas, a orientação é para entrar em contato com a unidade de saúde onde foi prestado o atendimento ou com as secretarias municipais.
Marlise Brenol, jornalista e professora universitária, tomou a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca em 15 de junho. No dia seguinte, por curiosidade, acessou o aplicativo para ver se a informação já estava disponível. A surpresa: a marcação indicava que ela havia recebido uma dose da Pfizer (na carteira de vacinação em papel, tudo foi anotado corretamente). Marlise voltou ao mesmo posto, onde explicaram que erros semelhantes vinham acontecendo, mas que eram facilmente solucionáveis. Horas depois, o registro estava correto.
— Fiquei me perguntando quantas pessoas nem prestam atenção e o que isso pode acarretar. Talvez até tomar outra vacina errada, uma vacina errada. São três meses até o retorno. Vai que você acaba não achando a carteira (de papel) em setembro, aí vai confiar no registro digital. Por isso tem que estar correto. Muita gente pode se atrapalhar — comenta Marlise.
Administradora e pesquisadora na área da saúde pública, Carla Albert tomou a primeira dose da CoronaVac em março e a segunda em abril. O aplicativo mostrou a dose inicial na data da segunda — e desta não havia registro. Ela contatou a Vigilância em Saúde de Porto Alegre e também a ouvidoria do SUS, por e-mail. À época, o sistema ainda não permitia edições, o que preocupou a administradora, e as duas doses acabaram sendo marcadas no dia da segunda aplicação.
Fernando Ritter, diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, conta que casos vêm sendo monitorados, mas que o processo já está melhor estabelecido em comparação ao início da campanha, quando as informações da pessoa a ser vacinada eram anotadas em uma planilha e, só mais tarde, repassadas a um grupo responsável pela digitação. Atualmente, os drive-thrus da Capital têm computadores, o que minimiza a chance de erros. A pessoa só recebe a dose depois de ter seus dados lançados no sistema.
Outro obstáculo era que antes o sistema não permitia fazer correções, limitação na qual esbarrou Carla. Há alguns dias, depois de melhorias, é possível editar eventuais dados digitados equivocadamente. A tendência, aponta o diretor, é minimizar a ocorrência de falhas. De qualquer forma, continua sendo fundamental que cada um faça a conferência, pois, em caso de extravio da carteira em papel, a carteira digital terá as informações certas.
— É um banco de dados oficial. Digitamos no SIPNI, e o Conecte Sus busca essa informação. O app pode ter delay, ficando um tempo sem fazer essa conectividade. Fiz minha vacina em março e apareceu no app só no final de abril. Esse atraso pode acontecer ainda — explica Ritter.
Questionado sobre como as informações do Conecte SUS embasam possíveis ações governamentais, o Ministério da Saúde se limitou a enviar uma nota informando o que deve ser feito quando houver erros. “A pasta orienta que, após 10 dias da imunização, se o registro da vacina não estiver disponível no aplicativo, a pessoa deve procurar a Secretaria Municipal de Saúde do munícipio em que foi imunizada e solicitar a correção ou envio do registro para a RNDS. O aplicativo apresenta em seu menu a aba ‘Fale com o Conecte SUS’, onde são disponibilizadas as orientações para apoiar o cidadão e um formulário para o envio de dúvidas ao suporte”, diz trecho do texto.
O Conecte SUS
O que é o Conecte SUS?
O portal é uma iniciativa do governo federal para unificar informações sobre o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre outros serviços, há o registro das vacinas aplicadas contra a covid-19.
Como acessar?
O acesso a este site permite fazer o cadastro com CPF e senha. Também é possível baixar o aplicativo no celular. O usuário receberá um e-mail para validação do cadastro.
Como as vacinas são cadastradas?
O aplicativo apresenta as vacinas contra a covid-19 que foram registradas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), com a identificação do cidadão pelo número do Cartão Nacional de Saúde ou pelo CPF. Essas informações são inseridas pelas equipes de profissionais envolvidas na campanha de imunização.
O que fazer em caso de erros ou ausência de registro?
A pessoa deve contatar a unidade de saúde onde tomou o imunizante e solicitar a correção. Também é possível acessar, no menu, a aba Fale com o Conecte SUS.
Por que acontecem erros em datas ou no nome das vacinas?
Em geral, pode ocorrer erro no momento da digitação dos dados de cada indivíduo vacinado. A partir de melhorias implementadas na ferramenta, agora é possível editar as informações, corrigindo o que eventualmente estiver incorreto.
Por que devo checar as informações da vacinação contra a covid-19 no aplicativo ou no site?
O Conecte SUS oferece a Carteira Nacional Digital de Vacinação, que comprova a aplicação das doses, da mesma forma como a carteira em papel fornecida nas unidades de saúde. É fundamental que informações como datas de aplicação e nome do imunizante estejam corretas, uma vez que são um registro importante do histórico de saúde do usuário da rede pública de saúde.