O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu aos países, nesta sexta-feira (14), que não imunizem crianças e adolescentes contra a covid-19 e destinem estas doses para o sistema Covax, consórcio criado para que países com menos recursos tenham acesso à vacinação.
— Entendo que alguns países queiram vacinar suas crianças e adolescentes, mas eu lhes peço para reconsiderar isso e dar vacinas para o Covax — afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertindo que, no ritmo atual de propagação do coronavírus, o segundo ano da pandemia será "muito mais letal" do que o primeiro.
A vacinação de crianças e adolescentes é permitida hoje no Canadá e nos Estados Unidos, e a partir dos 12 anos. Isto porque há pouco tempo começaram a ser feitos estudos sobre segurança e eficácia das vacinas em uso para esse público-alvo, e a Pfizer entrou com pedido de uso emergencial nos EUA neste mês. O mesmo pedido foi feito na Europa.
Tedros criticou em diversas ocasiões o objetivo dos países mais ricos de vacinar a maior parte de suas respectivas populações o mais rápido possível, sem levar em consideração que os menores de idade são pouco propensos a ficar doentes por causa da covid, e tampouco a infectar outras pessoas.
Ao mesmo tempo, países como Índia, Nepal ou Sri Lanka sofrem taxas de contágio explosivas, recordou Tedros.
O programa Covax, que a OMS administra em parceria com fundos privados, ficou sem boa parte do fornecimento de vacinas que esperava para o segundo trimestre do ano porque países como a Índia, que fabrica a maior parte dos fármacos do mecanismo, decidiram proibir as exportações.