A queda nos índices de hospitalização devido ao coronavírus, nas últimas semanas, levou a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a estudar mudanças na estrutura de atendimento da Capital que permitam a retomada de serviços suspensos durante o auge da pandemia, como cirurgias eletivas. Entre os hospitais de referência para o combate à covid-19 na cidade (que incluem ainda Clínicas e Conceição), a Santa Casa já reduziu em 25% as vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) exclusivas para a doença e reforçou o atendimento a procedimentos eletivos.
A Capital chegou a somar 870 pacientes em UTI no período mais crítico, em 25 de março. Nesta quinta-feira (22), essa cifra havia recuado para 569 — diminuição de 34,6%. Em razão desse cenário, a SMS, segundo nota encaminhada pela assessoria de comunicação, “está analisando a retomada de procedimentos cirúrgicos que haviam sido suspensos em função do agravamento da pandemia verificado nos primeiros meses do ano”.
Essa análise coincide com solicitações de pedidos das administrações de diferentes hospitais para recompor parte da estrutura destinada a socorrer outros tipos de patologia. GZH apurou que uma das prioridades para a prefeitura é restaurar o status do Hospital de Pronto Socorro (HPS) como instituição voltada para o atendimento de trauma — com a desativação gradual da estrutura instalada no local para atender pacientes com covid-19 em razão do esgotamento de outras instituições.
A prefeitura faz a ressalva de que, para fazer frente a um eventual repique da pandemia, novos leitos foram abertos no Hospital Vila Nova (60 clínicos e 20 de UTI) para atender à demanda sem a necessidade de recorrer a estabelecimentos que não fazem parte da linha de frente no combate à pandemia.
O Complexo Hospitalar da Santa Casa é o mais adiantado na reconversão de leitos que vinham atendendo pacientes com coronavírus em espaços para desafogar outras doenças. A quantidade de vagas exclusivas para a pandemia recuou de 146 para 109 nas UTIs e de 189 para 68 em unidades de internação nas últimas duas semanas.
Com esse ajuste, a instituição estima que já aumentou em 50% a capacidade de realizar procedimentos eletivos em comparação ao momento mais agudo da pandemia.
— Não fechamos leitos, mas revertemos para atendimentos não covid. Isso propicia retomarmos a realização de cirurgias de grande porte que estavam atrasadas, como oncológicas, ortopédicas ou bariátricas. Mas nunca deixamos de atender aquelas que eram urgentes — afirma o diretor-técnico da Santa Casa, Ricardo Kroef.