Duas confirmações de coronavírus em pessoas que não apresentavam sintomas da doença (assintomáticas) no Brasil chamam a atenção nesta semana. Na quinta-feira (5), o Ministério da Saúde anunciou um caso deste tipo numa menina de 13 anos, moradora de São Paulo. Nesta sexta-feira (6), a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia notificou que uma mulher de 34 anos também teve resultado positivo para coronavírus, mesmo sem apresentar o quadro característico (como febre e mal-estar).
Especialistas destacam que a principal diferença destes pacientes para os que possuem os sintomas comuns está na quantidade de carga viral no organismo — nos assintomáticos, é bem menor, o que deixa um risco de transmissão muito menos representativo do que nos infectados sintomáticos, aqueles que apresentam os sintomas e tem maior carga viral no corpo.
Infectologista e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Nancy Bellei alerta que um caso deve ser considerado assintomático quando não há sintomas depois de, pelo menos, 14 dias de contágio. Essa precaução está ligada ao risco de o paciente estar na fase de incubação do vírus, com menos carga viral no corpo e ainda sem apresentar os sintomas — quadro que pode mudar depois da primeira quinzena, normalmente o tempo máximo da incubação.
— Os casos assintomáticos verdadeiros não têm potencial para representar riscos numa comunidade. Na fase atual, o foco deve ser controlar os contatos (das pessoas com coronavírus), mas não ficar indo atrás de casos assintomáticos. Isso só faz sentido no início de uma transmissão, para tentar controlar, o que não pode ser mais feito, pois o vírus tornou-se global — afirma Nancy.
Os casos assintomáticos representam a imensa maioria em cenários de infecções respiratórias como a do coronavírus, destaca o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Renato Grinbaum. Por isso, afirma, o paciente pode passar por todo o ciclo da doença e nem saber que foi contaminado, já que os sintomas não aparecem e o risco de transmissão é pequeno:
— Essa caso da menina de 13 anos foi detectado em razão de uma insistência da família, já que ela tinha sido internada num hospital da Itália. Mas, na fase atual do contágio, não se trabalha para estes casos, e sim para os pacientes que apresentam os sintomas. Não posso afirmar categoricamente que não existe, mas em casos assintomáticos, é praticamente zero a chance de transmissão.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins: