O sarampo, que voltou a ser registrado no Rio Grande do Sul em março deste ano, segue circulando no Estado e em Porto Alegre. O boletim mais recente do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), publicado na última semana, indica que o número de casos em 2018 subiu de 29 para 33 no Estado.
As quatro novas ocorrências são de Porto Alegre: a Capital concentra 26 registros. Outras três pessoas contraíram a doença em Viamão, duas em Alvorada, uma em Vacaria e uma em São Luiz Gonzaga. Todos os casos são importados ou associados à importação. Segundo o Cevs, 82% dos pacientes têm entre 15 e 29 anos, e 70% não se vacinaram ou não têm registro da vacinação.
— Estas pessoas que não têm registro também conseguem se vacinar na rede pública. Elas são consideradas não vacinadas e, a partir daí, iniciam um esquema vacinal “do zero”. O sarampo é uma doença altamente contagiosa. Como a campanha já acabou, orientamos que as pessoas atualizem sua situação nos postos de saúde, especialmente os da faixa etária de adolescentes e adultos, que estão sendo os mais atingidos. A vacinação está disponível do ano todo — alerta Juliana Patzer, técnica da Vigilância Epidemiológica do Cevs.
Depois de ser prorrogada por duas vezes, a campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite foi encerrada na última sexta-feira (28) em Porto Alegre. Os dados são os piores dentre os maiores municípios gaúchos: a cobertura para a poliomielite ficou em 79,5% e, para o sarampo, em 78,5%. Entre as crianças de um ano, o percentual ficou ainda mais baixo: pouco mais de 60% para as duas doenças.
— A Capital está em alerta, porque é o município onde há maior circulação do sarampo. Nós estamos em constante contato com prefeitura para definir o que pode ser feito — explica a chefe da Divisão Epidemiológica do RS.
Nos próximos dias, o secretário de Saúde da Capital, Erno Harzheim, deve se reunir com técnicos do núcleo de imunizações para definir o que pode ser feito. A possibilidade de a campanha ser prorrogada, no entanto, é muito pequena, já que, no país, o prazo já se encerrou.
As duas estratégias consideradas essenciais pelo Cevs são manter a população vacinada e os profissionais de saúde atentos aos casos, com notificação imediata quando são identificados os sintomas em algum paciente. Quando há confirmação, a principal medida de controle da doença é fazer o chamado bloqueio vacinal seletivo, que é quando todas as pessoas que mantêm contato com o doente têm sua situação vacinal atualizada, com aplicação de vacina, se for o caso.
Brasil corre risco de perder o certificado de eliminação do sarampo
Considerado livre da doença desde 2016, o Brasil corre o risco de perder o certificado de eliminação do sarampo em fevereiro de 2019. O critério adotado para a transmissão sustentada é de que o surto se mantenha no país por 12 meses. Desde fevereiro até 24 de setembro, foram confirmados 1.766 casos de sarampo no país, sendo 1,3 mil no Amazonas.
Os principais sintomas do sarampo são febre e manchas na pele acompanhados de um ou mais dos seguintes: tosse, coriza ou conjuntivite.
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, passou a ser aplicada em 1997 e é indicada no calendário básico quando a criança completa um ano. Aos 15 meses, a criança deve ser imunizada com a vacina tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. A vacina está disponível na rede pública durante todo o ano.
No caso da poliomielite, a vacina é indicada para crianças menores de um ano em três doses: aos dois, aos quatro e aos seis meses de idade. Depois, a criança deve receber dois reforços da vacina oral, aos 15 meses e aos quatro anos. Não há casos desta doença confirmados no Rio Grande do Sul.