Uma das maiores estrelas do showbiz brasileiro trouxe de volta à pauta o tema da dança para grávidas que estão prestes a darem à luz. Em um vídeo gravado na madrugada de sábado, a cantora Ivete Sangalo apareceu dançando no Hospital Aliança, em Salvador (BA), onde em instantes ganharia as gêmeas Marina e Helena. As meninas nasceram de cesárea.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (12), o obstetra Fernando Guedes Cunha, do Espírito Santo, conhecido não apenas por estimular a dança de suas pacientes antes do parto, mas também por dançar com elas, foi convidado a opinar sobre o episódio: a gestante pode ou não pode dançar antes do parto?
— Temos que individualizar cada caso. A maioria pode, sim, dançar, vai ajudar bastante no parto, na hora do relaxamento. Se for em trabalho de parto evoluindo para parto normal, ajuda o bebê a nascer também. Mas a gente tem que individualizar porque algumas pacientes apresentam alto risco, algumas comorbidades, alguns remédios que são usados. Se a Ivete dançou, ela poderia dançar, com certeza. Quem estava prestando assistência com certeza autorizou isso — disse Cunha.
Em uma gravidez que transcorre normalmente, o médico disse que a prática é benéfica durante todo o período, e não só perto do nascimento do bebê. Ele citou o exemplo de tribos indígenas, em que as mulheres sempre dançavam e conseguiam ganhar os bebês de parto normal.
— (Dançar) ajuda muito o processo. O bebê está dentro da pelve feminina. Aqueles movimentos só contribuem para que ele assuma uma posição que vá favorecer na hora do parto. Também tem a liberação de hormônios que vão inibir a adrenalina, hormônio que age na hora do parto, impedindo a contração. Se você tem uma inibição da adrenalina, você tem a ação da ocitocina, que é considerado o hormônio do amor, o hormônio do nascimento. Então esse hormônio vai agir ajudando as contrações a virem e o bebê a nascer — explicou.
O obstetra também indicou a hidroginástica como sendo um excelente exercício físico para gestantes.
Questionado a respeito de como as modalidades de parto ainda geram tanta polêmica, Cunha lamentou o altíssimo número de cesáreas realizadas no Brasil.
— O nosso país criou uma cultura diferente do resto do mundo. Na Europa, nos Estados, 90% dos partos são normais. É normal humanizado, é normal natural, sem uso de drogas quando não há necessidade, com poucas intervenções. No nosso país, tem uma cultura de que o normal é a cesariana. Quando você tenta trazer de volta o que é o correto, gera polêmica e discussão. O procedimento cirúrgico é para caso de emergência, e não deve ser rotina — afirmou o médico.