O sistema de saúde do Estado, tanto público, quanto privado, têm passado por transformações nos últimos anos. Mudanças sociais são cada vez mais percebidas, portanto, analisar a visão que a sociedade possui a respeito da saúde se tornou essencial. Em busca de entender a opinião dos gaúchos, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS), encomendou uma pesquisa onde foram revelados dados cruciais sobre a relação médico-paciente, o impacto da telemedicina e os desafios de acesso à saúde.
O levantamento feito pelo Instituto Pesquisas de Opinião foi realizado em março de 2024, e coloca em evidência não só as dificuldades, mas também oportunidades para melhorar e humanizar ainda mais o atendimento no Estado. Conforme os dados, 8 de cada 10 gaúchos estão contentes com a relação médico-paciente, tanto no sistema público, quanto privado. Quando se trata da saúde pública, o Rio Grande do Sul é um dos quatro estados com mais municípios dependentes do SUS no país, conforme o Ministério da Saúde, sendo que 59,9% avaliam positivamente os serviços gratuitos conforme informações disponibilizadas na pesquisa.
Se tratando do sistema privado, os gaúchos têm demonstrado maior interesse em contratar planos de saúde. Um estudo feito pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta que, em 2023, o setor manteve o crescimento significativo em números de beneficiários, chegando a 51.081.018 pessoas com atendimentos pagos. Aqueles que utilizam apenas o sistema privado para consultas e exames (15,6%) possui uma percepção positiva dos serviços, conforme o relatório do CREMERS.
Em contrapartida, quando comparamos os dois sistemas disponíveis de saúde, o grau de satisfação do SUS é similar ao de planos privados. Este resultado faz com que 6 de cada 10 gaúchos, estejam satisfeitos com o atendimento que recebem.
No entanto, o tempo de espera para conseguir agendar uma consulta e a falta de médicos aparecem entre as principais reclamações em comum. Dessa forma, a humanização do atendimento surge como uma prioridade, seja para o atendimento público ou privado.
Telemedicina no RS
Há alguns anos parecia impensável um cenário onde as pessoas realizariam consultas médicas por videochamadas. Agilizar os atendimentos, junto com a possibilidade de evitar deslocamento e, consequentemente, poupar tempo, são alguns fatores responsáveis por gerar o interesse pelas teleconsultas, conforme o levantamento do CREMERS.
Por mais que 74,1% ainda enxergue o serviço de forma negativa pela impossibilidade do contato físico, os benefícios ainda são maiores. Essa nova forma de se relacionar com a saúde fez com que cerca de 54,5% dos gaúchos tivessem uma experiência positiva com o modelo.
Leis e Políticas Públicas no Estado
Um dos pontos centrais do estudo tinha como objetivo verificar a necessidade de leis que possam subsidiar políticas públicas para a gestão da saúde. Dentre os entrevistados, os moradores das regiões de Santa Maria e Caxias do Sul destacam-se acima da média entre os que consideram que a Assembleia Legislativa deveria criar leis para a melhoraria da saúde pública.
Por meio destes recursos, poderiam ser implementadas medidas que auxiliariam na resolução de problemas de acesso, agilidade e qualidade na saúde — na infraestrutura física e operacional de hospitais, postos, enfermarias, com criação de leitos, investindo na saúde mental etc.
Quando questionados sobre a legalização do aborto para a maior parte dos casos em que a mulher achar necessário, 55% dos participantes afirmam ser contra e 37,6% relata ser a favor. Essa opinião parte principalmente das regiões Metropolitana e de Caxias do Sul, sendo evangélicos mais contrários e os ateus os mais favoráveis a legalização.
No entanto, segundo a pesquisa, é comum que nem sempre seja possível realizar os abortos — mesmo aqueles reconhecidos por lei — devido à falta de infraestrutura adequada dos hospitais, a falta de agilidade ou de padronização de protocolos mais assertivos, definindo as prerrogativas para as equipes do SUS.
Se tratando da liberação de todas as drogas para uso pessoal, a maior parte dos gaúchos (84,9%) afirmam ser contra, enquanto 12,5% apoiam a legalização para uso pessoal.
Para o público que demonstrou maior apoio a liberação:
- Região de Santa Maria se destaca como mais a favor
- Assim como a opinião sobre a legalização do aborto, o posicionamento a favor da liberação das drogas também é maior entre a população com alta escolaridade e renda
- Pessoas pretas são as mais favoráveis quanto a legalização das drogas –
- quando analisadas religião, evangélicos são mais contrários e espiritas e ateus mais a favor.
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o casamento entre pessoas do mesmo sexo se equipara, no âmbito do direito civil, à união entre um homem e uma mulher. Se tratando dessa temática, a maior parte dos gaúchos se mostra a favor da união, visto que o levantamento demonstra que 6 de cada 10 entrevistados apoiam a medida.
Além disso, podemos perceber maior favorabilidade por:
- População com maior renda e escolaridade;
- As mulheres, os mais jovens e as pessoas que se autodeclaram pretas indicam maior apoio ao casamento homoafetivo;
- Dentre as religiões, os espíritas e os ateus demonstram são mais favoráveis ao tema.
Para aprofundar o debate a respeito destas temáticas, o CREMERS irá lançar uma série de eventos gratuitos com especialistas no assunto. Diversos profissionais renomados estarão presentes para debater com especialistas da medicina e com mediação da jornalista Rosane de Oliveira.
Acesse o site, inscreva-se nos próximos eventos e assista a primeira gravação do primeiro evento:
Zero Hora Talks - Reconstrução da saúde e melhoria das estruturas;
Zero Hora Talks - Qualificação do ensino da Medicina no Estado
12 de novembro às 14h
Zero Hora Talks - Pacto para o futuro entre 2024 e 2035.
03 de dezembro às 14h
Local: Local: Auditório do Cremers
Rua Bernardo Pires, 415, 2º andar - Bairro Santana, em Porto Alegre/RS