Correção: a Rua da Represa fica localizada no bairro Coronel Aparício Borges, e não no bairro São José, como publicado entre 13h51min e 16h42min desta terça-feira (16). O texto já foi corrigido.
Foi localizado na manhã desta terça-feira (16) o corpo de Daner Hernandez Silva, 45 anos, que estava desaparecido desde a noite de segunda-feira (15), durante o temporal que atingiu o Rio Grande do Sul. Silva tentava ajudar a esposa, a sogra e enteados quando foi arrastado pela força da água, junto com a casa onde estavam, para dentro do Arroio Moinho, próximo à Rua da Represa, no bairro Coronel Aparício Borges, na zona leste de Porto Alegre.
Segundo a Defesa Civil da Capital, o corpo foi localizado por volta das 10h30min, próximo ao Anfiteatro Pôr do Sol. Ao todo, estiveram envolvidos nas buscas 79 profissionais entre Bombeiros, Defesa Civil, DMLU, Brigada Militar e a Guarda Municipal.
Uma das filhas de Silva, Sandy Hernandez, 22 anos, relatou que a família está arrasada com a perda. Segundo ela, o pai estava na casa de sua madrasta quando começou o temporal. Silva salvou a vida da esposa, da sogra e dos três enteados menores de idade, mas, ao resgatar a última criança, foi arrastado por uma parede que desabou quando a casa foi levada pela enxurrada. A esposa e os enteados não tiveram ferimentos.
Para Sandy, o pai foi um grande exemplo e o responsável pela pessoa que se tornou:
— Agradeço a ele por ser a mulher que eu sou hoje. Queria dizer que estou muito orgulhosa dele e não esperava nada menos que essa atitude! — disse, emocionada.
Silva deixa um filho e três filhas, além da mulher e dos enteados.
Amigos se unem para realizar funeral
A Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC) diz que a família não aceitou os benefícios socioassistenciais disponibilizados pelo órgão. Questionada sobre a situação, Sandy Hernandez explica que o pai integrou o movimento Graxa RS durante a pandemia de coronavírus, que realizou a distribuição de cestas básicas durante meses, e, que, como forma de homenagem, integrantes envolvidos com o movimento se organizaram para proporcionar o funeral de Silva.
— As mesmas pessoas se posicionaram e criaram um movimento pra fazermos um funeral digno — conta.
História que se repete
O drama vivido pela família de Daner Hernandez Silva faz relembrar o desfecho de um caso de 2017, quando, também na Rua da Represa e durante um temporal, uma mulher morreu ao ser levada pela enxurrada que atingiu a casa onde vivia. Já naquela ocasião, moradores alegavam terem sido esquecidos pelo poder público na região, como mostrou reportagem de GZH.