Um desentendimento entre estudantes e um professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) virou caso de polícia na tarde desta terça-feira (15). O episódio ocorreu quando os integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) passavam em frente aos portões da universidade e teriam sido ameaçados pelo docente e um segurança da instituição. A ocorrência foi registrada junto à Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) da Capital.
A Delegada Andréa Mattos, titular da DPCI, instaurou um procedimento na tarde desta quinta-feira (17). Segundo ela, as testemunhas devem ser chamadas a depor e, na próxima semana, pode haver novos desdobramentos sobre o caso.
Conforme o relato dos estudantes, o professor André Luis Prytoluk, secretário de Comunicação da UFRGS, teria proferido provocações de cunho ideológico contra integrantes do movimento estudantil que passavam em frente ao prédio da rádio, na Rua Sarmento Leite. Segundo os alunos, o professor teria dito que eles “iriam se entender com seu filho.”
— Entendemos como uma ameaça. Não conhecemos o filho dele. Ele também falou que os familiares dele na Ucrânia estavam morrendo nas mãos dos comunistas vermelhos como nós — diz o estudante de História e membro do DCE, Patrick Veiga.
Segundo o boletim de ocorrência, um segurança, que estava junto ao professor, teria ameaçado e insultado a estudante de Direito Franciéle Rodrigues, dizendo que "ela tinha sorte porque ele estava trabalhando, mas que seria diferente se a encontrasse na rua".
Procurado por GZH, o professor André Luis Prytoluk afirmou que até a tarde desta sexta-feira (18) não havia sido notificado oficialmente sobre o caso, tomando conhecimento apenas pelas redes sociais.
—De minha parte, se pode adiantar, a partir dos termos da ocorrência policial, que os acontecimentos não se deram da maneira como foram narrados, o que será esclarecido, no seu momento oportuno, às autoridades competentes. A mais disso, jamais dispensei qualquer tratamento de cunho racista a quem quer seja — afirma o professor.
Protesto por moradia indígena
Os estudantes que teriam sido ameaçados voltavam de um ato na ocupação do antigo prédio da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), que fica ao lado do túnel da Conceição. O local foi ocupado no domingo (6), por um grupo que reivindica a criação de uma Casa do Estudante Indígena pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Patrick Veiga aponta que as manifestações da última semana podem ter potencializado a tensão entre os estudantes e o professor. Na quinta-feira passada, após reunião com representantes da universidade, os alunos ocuparam a reitoria. Na terça-feira, ocorreu uma reunião com o Ministério Público (MP), a universidade e os representantes do movimento indígena.
Conforme Veiga, o MP deve solicitar à Universidade que apresente sugestões de imóveis desocupados para um possível local de moradia indígena permanente e um local de moradia provisória.