A falta de luz que afeta milhares de moradores em Porto Alegre e na Região Metropolitana há três dias está impedindo os cerca de cem alunos da creche Maria Dolabela Portella de frequentar as aulas nesta semana. A escola localizada na Rua Dona Otília, bairro Santa Tereza, zona sul da capital. A instituição é vinculada a uma mantenedora que possui outras escolas na Capital.
Devido à ausência de energia, todos os alimentos que estavam na geladeira foram levados à sede da mantenedora. O temporal também provocou alagamento de algumas salas e destelhamento de parte da estrutura.
A coordenadora da escola, irmã Soleide Teixeira, afirma que a Defesa Civil esteve na região mas acabou não fornecendo lonas à escola. Nos últimos dias, os funcionários tem ido ao trabalho trazendo água e comida de casa para limpar as salas de aulas.
— Têm pais que vêm pra cá trazer os filhos a gente tem que mandar de volta pra casa porque não tem condições de ter aula aqui — relata.
A Rua Dona Otília foi uma das mais atingidas pelo temporal de domingo (6). Na manhã quarta-feira (9), ainda havia cabos soltos e casas destelhadas. Moradores que sofrem com o desabastecimento protestaram na noite da última terça-feira (8).
O empresário Carlos Eduardo Odorize conta que uma equipe da CEEE Equatorial esteve no local, mas não resolveu o problema.
— Eles disseram que vinham do Paraná, e que não sabiam mapear a rede elétrica, estavam perdidos — conta.
Próximo dali, no bairro Nonoai, moradores de um prédio na Rua Cangussu também enfrentaram o desabastecimento por quase três dias. O professor e engenheiro Otávio Simões Mano relata dificuldades para dormir e trabalhar nos últimos dias.
— Estamos sem internet, já não consigo mais usar dados móveis. O portão da garagem só abre manualmente, demoro muito para entrar quando chego do trabalho a noite, com chance de ser assaltado. Está sendo muito difícil viver sem luz — explica.
Ao final da manhã, vizinhos relataram que a luz havia retornado. Uma falha em um dos fusíveis foi solucionada em cinco minutos.
Já no bairro Lageado, extremo-sul da Capital, o aposentado Flavio Carbone estava desde domingo acendendo velas em casa. Com ajuda de uma extensão ligada em vizinhos, conseguiu garantir a energia de alguns pontos da casa, localizada na Rua Nelson Boeira Feidrich.
— É um problema no disjuntor que podia ser resolvido em dois minutos. Mas estamos há três dias assim — diz.
Instantes depois, uma equipe da CEEE Equatorial esteve no local e em outros pontos da rua para fazer o conserto e a energia foi restabelecida.