A prefeitura de Canoas promoveu recentemente melhorias na praia de Paquetá, banhada pela confluência das águas dos rios dos Sinos e Jacuí. Situada no bairro Mato Grande, a localidade costuma receber muitos visitantes da Região Metropolitana aos finais de semana, mesmo com águas impróprias para banho.
A praia recebeu limpeza da areia, árvores foram plantadas na via de acesso, o campo de futebol de areia ganhou demarcação e também foi instalado um brinquedo que deve servir como playground para a criançada - uma espécie de casinha de madeira com escorregador e balanço, além de um jogo da velha com pequenas placas giratórias. Ainda foram disponibilizados cinco banheiros químicos (um deles para portadores de necessidades especiais), uma cabine com chuveiro elétrico e 15 lixeiras ao longo de toda a extensão da praia. Tudo para que o visitante possa aproveitar a praia e a brisa, mas sem adentrar ao rio.
O Santuário Sincrético, espaço rodeado por imagens de entidades representativas para diferentes religiões e crenças, foi terraplanado e teve mudas de ervas medicinais e árvores da tradição religiosa de matriz africana plantadas.
Conforme a Secretaria do Meio Ambiente, a prainha chega a receber 5 mil visitantes aos finais de semana. Entretanto, segundo a prefeitura de Canoas, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) aponta que as águas naquele ponto são impróprias para banho. Mais placas deverão alertar os frequentadores desta condição, de acordo com a administração canoense.
O titular da pasta, Paulo Ritter, afirma que as ações começaram em novembro. Parte do trabalho foi custeado por contrapartidas de políticas compensatórias ambientais, como o playground e o plantio de aproximadamente 300 mudas de vegetais.
— Foram plantados butiás verdes, jerivás e corticeira — explica o secretário do Meio Ambiente, complementando sobre a entrega das melhorias: — Há um mutirão entre serviços urbanos de limpeza em geral para manter a prainha em dia. Também tivemos parceria com a Secretaria de Obras, que entrou com 20 caminhões de areia usados na orla e no Santuário.
De acordo com Ritter, o aluguel das unidades de banheiros e chuveiros elétricos para a temporada estão orçados em cerca de R$ 28 mil.
— Os banheiros químicos eram demanda antiga. Também já fizemos pedido para a Corsan daqueles chuveiros como os que existem nas praias do litoral norte. Esperamos que se concretize em breve.
Moradores cobram mais atenção
Na segunda-feira (27) pela manhã, em visita ao local, a imagem contrastava com a movimentação tradicional do sábado e domingo.
Em meio à circulação modesta de moradores da área, cães aproveitavam a temperatura ainda razoável para descansar ao sol na quadra de areia. Paralelamente, funcionários do setor de limpeza recolhiam resíduos deixados pelos frequentadores.
— A gente trabalhou ontem (domingo), não era para estar assim — desabafou uma limpadora que prefere não ser identificada.
A impressão dela ganha respaldo entre o pessoal da comunidade local. Os reparos na prainha agradaram os moradores, mas eles reforçam que há outras reivindicações que consideram importantes.
— Seria bom ter placas avisando para as pessoas cuidarem, não jogar lixo no local. Outra questão é que às vezes tem animais mortos no Santuário ou na beira da água, as crianças ficam assustadas — diz Erenita Pereira Severo, 70 anos, pensionista que reside na prainha há oito anos.
Já o pescador Darlei Santos Pires, 46 anos - 25 deles morando na praia de Paquetá - julga que seria importante a presença constante da Guarda Municipal ou da Polícia:
— Para manter a ordem, seguido dá briga. E tem ainda muita gente com som alto, que não respeita.
Conforme o secretário de meio ambiente Paulo Ritter, a Secretaria de Segurança de Canoas deve fazer um plantão para reforçar vigilância na prainha, principalmente em dias de atividades mais intensas na região. Sobre a sinalização para orientar frequentadores a preservar o espaço limpo, ele afirma que deve ser providenciada. Já sobre o uso do Santuário em rituais que envolvem o sacrifício de animais, Ritter diz que está sendo debatido com a Coordenadoria de Diversidades e Comunidades Tradicionais para que se defina um ponto específico à prática.
— Queremos fazer isso com diálogo — ressalta.