Alguns pontos de Porto Alegre estão há 24 horas sem luz. De acordo com a última atualização da CEEE, divulgada às 16h30min desta segunda-feira (14), 34 mil clientes da Capital seguem afetados pela falta de energia elétrica, após o temporal ocorrido por volta das 15h de domingo (13), com ventos de 91 km/h.
GZH tentou contato com um representante da CEEE para que explicasse as razões da demora na retomada do fornecimento de energia. A companhia disse, pela assessoria de imprensa, que no momento não há porta-voz para prestar esclarecimentos.
Além da falta de energia, moradores também enfrentam falta de água em algumas regiões. Isso ocorre porque estações de bombeamento pararam após a queda da energia. Luz e água estão sendo restabelecidas aos poucos durante o dia, conforme o atendimento dos vários chamados.
Os serviços realizados incluem alguns mais complexos, como reconstrução de redes arrebentadas, poda de árvores e galhos de grande porte caídos, substituição de postes.
Protesto
Moradores do bairro Restinga protestam contra as 24 horas sem energia elétrica. A manifestação ocorre na Estrada João Antônio da Silveira, que liga o bairro a Lomba do Pinheiro. Eles criticam ainda a falta de participação da CEEE para evitar transtornos na região.
Com panelas e cartazes, os moradores bloqueiam o trânsito nos dois sentidos. A cada cinco minutos, eles liberam a via para passagem dos veículos. A BM acompanha o ato, que é pacífico.
Morador precisa comprar gelo para manter insulina
Um dos moradores atingidos em Porto Alegre é o idoso Zoff Lerner, 72 anos. Ele reside no bairro Vila Nova e diz que a falta de luz é frequente, principalmente após temporais, e que há demora no atendimento.
— Me vi obrigado a sair de casa e ir comprar gelo. Minha esposa tem diabetes e precisa de insulina, que tem de ficar na geladeira, mas como não tem luz, os alimentos estragaram e precisei de gelo, principalmente para a insulina — ressalta Lerner.
A falta de luz também atinge a zona norte e quem precisa descansar após atender casos de pessoas com covid-19. Isabel Siqueira, 50 anos, moradora do bairro Chácara das Pedras, é uma das que está há quase 24 horas sem energia elétrica. Segundo ela, o marido, que é médico, não conseguiu descansar direito após um plantão inteiro no atendimento a pessoas infectadas pelo vírus.
— Isso não pode ocorrer, é um descaso. Ele precisava descansar domingo porque vai ter que voltar de novo para o plantão no atendimento às vítimas, principalmente agora que voltamos a ter uma nova onda de casos — diz Isabel.
Segundo a moradora, conforme anotações de outras reclamações semelhantes que já fez, a região enfrenta pelo menos uma falta de luz por mês. Em alguns casos, leva até 24 horas para que a energia seja restabelecida. Nesta segunda-feira, Isabel fez uma reclamação oficial à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em outros pontos da Capital, como no bairro Cristal, próximo à Avenida Campos Velho, cerca de 500 moradores de dois condomínios também reclamam que a luz ainda não voltou. Em uma das ruas da região, uma árvore caiu e a CEEE teve de esperar primeiro a retirada dos galhos e do tronco para só depois iniciar o serviço.
Água
Em relação ao abastecimento de água em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) destaca que a luz voltou na região da maioria das estações de bombeamento, como no bairro Belém Novo, mas a água só vai normalizar ao longo do dia no entorno.
Houve ainda nova queda de luz ao final da madrugada desta segunda-feira, afetando a estação de bombeamento Ouro Preto e a estação de tratamento São João, ambas na zona norte, atingindo vários bairros da região e parte do Centro. O Dmae acredita que o desabastecimento ainda vai ocorrer em alguns pontos, normalizando somente à noite porque tudo depende da energia elétrica. O departamento segue atendendo a todos os chamados e equipes trabalhando para o retorno o mais rápido possível.
Estação de bombeamento Belém Novo: em retomada
- Atende os bairros Aberta dos Morros, Agronomia, Belém Novo, Belém Velho, Boa Vista do Sul, Campo Novo, Cascata, Chapéu do Sol, Espírito Santo, Extrema, Hípica, Ipanema, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro (parte), Pitinga, Ponta Grossa, Restinga, São Caetano e Vila Nova.
Estação de bombeamento Ouro Preto: normalizando – aguarda Estação São João
- Atende os bairros Costa e Silva, Cristo Redentor, Jardim Floresta, Jardim Itu, Jardim Leopoldina, Jardim Lindoia, Jardim São Pedro, Mario Quintana, Morro Santana, Parque Santa Fé, Passo das Pedras, Rubem Berta, Santa Maria Goretti, Santa Rosa de Lima, São Sebastião, Sarandi e Vila Ipiranga.
Estação de Tratamento São João: conserto finalizado por volta das 17h
- Atende os bairros Anchieta, Auxiliadora (parte), Boa Vista, Centro Histórico (parte), Chácara das Pedras, Farrapos, Floresta, Higienópolis, Humaitá, Jardim Europa, Navegantes, Passo D'areia, São Geraldo, São João, Três Figueiras (parte).
Novos temporais
Antônio Silveira, 35 anos, morador da Estrada das Furnas, bairro Vila Nova, zona sul de Porto Alegre, diz que está com todos os alimentos perecíveis estragados e que a família inteira está sem banho. Além da falta de luz, tem problemas de falta de água. Segundo ele, o problema é que quando ocorrer um novo temporal vai acontecer tudo novamente.
— Falta investimento na minha opinião, precisa ser feito algo para que isso não ocorra. A luz vai voltar, mas quando vier um novo temporal, vai acontecer de novo, e novamente com alimentos estragados, rotina alterada, isso é muito precário — destaca Silveira.
Assim como Silveira, Fábio Roberto Rockenbach, 64 anos, também morador da Estrada das Furnas, diz que outro problema é a demora no atendimento, passando de um dia em alguns casos.