A chuva forte que atingiu Porto Alegre entre 5h e 8h deste sábado (13) fez transbordar o arroio Sarandi, no bairro de mesmo nome, na zona norte da cidade. O impacto foi visível: sacolas de lixo, galhos e muito barro ficaram espalhados sobre as calçadas e nos pátios das casas. A situação já virou rotina para o chapeador Alvino Souza, de 74 anos:
– Sempre que chove, a água invade. E vem esse lodo junto pra dentro do prédio - disse o trabalhador, ao abrir seu comércio, na Avenida Sarandi.
Mesmo com a trégua da chuva, parte da via seguia alagada perto das 10h. De carro, o mecânico Bruno Romero Silva, 27, tentou passar pela piscina que se formou no asfalto, mas ficou pelo caminho.
– Acelerei e não deu. Puxei pro lado e liguei pro guincho, mas molhou tudo por dentro - relatou, enquanto empurrava o automóvel Gol.
Morador da região, Wilton Américo, 55, não esperou sair o sol para lavar a calçada em frente de casa.
– Se esperar secar, o barro fica duro – explicou.
Na porta da frente da residência, uma chapa de ferro foi instalada para evitar que a água invadisse a sala de estar. Américo e a esposa dizem já terem trocado os móveis mais de uma vez, em seguidos alagamentos.
Outro arroio que cedeu foi o da Avenida Mena Barreto, bairro Santa Maria Goretti, onde ocorre uma obra de drenagem, de responsabilidade da prefeitura. O Chevrolet Tempra do promotor de eventos Sandro Tarragô, 43, ficou submerso. No fim da manhã, ele calculava o prejuízo com os bancos encharcados e água até no motor.
– Moro aqui desde que nasci. Me criei com água dentro de casa. Começa a chover e a gente fica alerta, tira os carros. Hoje não deu tempo – lamentou.
O veículo da irmã, mesmo estacionado em uma rampa dentro do pátio, também teve o interior inundado.
Na Rua Pereira Pinto, parte do asfalto foi danificado pela água, expondo as pedras que dão base para o calçamento. A empresária Clarice Demari, 56, filmou a correnteza que se formou em frente a seu restaurante.
– Eu pago imposto tudo em dia e toda vez que chove forte é isso. Não tem nenhum cliente, quem vai vir no meio do barro? - reclama.
Moradores da Vila Nova Brasília, no bairro Sarandi, ficaram isolados em casa. A Rua Josué de Castro ficou alagada de ponta a ponta.
O taxista André Lódi, 40, permanecia em frente ao portão, aguardando ter condições de sair de casa, para iniciar sua jornada de trabalho. Há 20 anos no mesmo endereço, ele se revolta ao lembrar de outras situações semelhantes.
– Já saí com meus filhos no colo, com água na barriga. Meu carro deixo em outra quadra pra não entrar água - desabafa.
Árvores tombam com temporal
Uma árvore caiu e bloqueia totalmente o trânsito neste sábado (13) na esquina das ruas Eça de Queiroz e Ferreira Viana, no bairro Petrópolis. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) já esteve no local e isolou a área.
A Secretaria Municipal Serviços Urbanos (Smurb), responsável pela retirada da árvore, informou que a liberação da via, que é uma das prioridades do serviço, já foi concluída. Entretanto, como há outras ocorrências em atendimento, o recolhimento do vegetal ainda não foi feito.
Na zona norte, outra árvore de grande porte tombou sobre a M e L estética automotiva, na esquina da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia com a Rua Instituto São Francisco, no bairro Rubem Berta, quase limite entre Porto Alegre e Alvorada.
O auxiliar de produção Thomaz Monteiro, 29, foi ao local quando soube do ocorrido na empresa que trabalha:
- Que bom que não tinha ninguém – comentou, aliviado.