O mais vistoso dos acessos ao Centro Histórico, em Porto Alegre, seguirá com bloqueios ao trânsito por pelo menos 90 dias. A impossibilidade de antecipação da liberação do local, interditado neste domingo (10) após relatório apontar "grave dano estrutural", passa pela elaboração do projeto de revitalização e posterior contratação da empresa que irá executar a obra.
Segundo o secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana da Capital (Smim), Marcelo Gazen, o documento com detalhamento do que será reparado tem prazo de dois meses para ser concluído e apresentado ao município.
— Com a conclusão do projeto saberemos o tamanho da intervenção, e aí se parte para a contratação da obra de recuperação. Mas antes de três meses é temerário falar em obra — reforça.
Um prazo para conclusão dos trabalhos só será informado após a entrega dos projetos. Veículos pequenos podem ter liberação após primeira intervenção
Enquanto o projeto da revitalização é elaborado, a Smim estuda uma medida para reduzir o impacto no trânsito dos veículos de passeio: o escoramento provisório da estrutura, com bases metálicas, a fim de suportar a passagem dos carros. Um estudo está em fase inicial de elaboração e, até o início de junho, deverá ser concluído. Após a apresentação desse estudo, há ainda outras etapas a serem vencidas, segundo Gazen, e não há como definir quando essa liberação parcial ocorrerá.
— Tem de comprovar a estabilidade, chamar as empresas e contratar. O escoramento é o mais rápido, mas não tem como ter uma data — finaliza Gazen.
Estrutura
A interdição da elevada foi decidida após uma inspeção encontrar trincas, rachaduras, degradação no concreto e deslocamento de vigas de sustentação. O estudo detalhado foi contratado pela prefeitura em agosto de 2019, e apresentado há cerca de uma semana ao município. Nesta segunda-feira (11), primeiro dia útil com desvios no trânsito, engenheiros e técnicos ligados ao Executivo vistoriaram a estrutura — construído nos anos 1970, o viaduto passará pela maior intervenção já realizada em seus 47 anos.
Por um acesso próximo ao Monumento aos Açorianos — no lado oposto ao largo que leva o mesmo nome —, os especialistas apontaram blocos de concreto com deformidades e ferros caídos no solo. Com o peso dos ônibus e caminhões, uma das paredes está "desencaixada" da inferior, o que reforça a decisão da suspensão do tráfego.
— Se seguisse nesse deslocamento, haveria risco até de ruir. Não vamos deixar isso acontecer — explicou o diretor-geral de obras de mobilidade urbana da Smim, engenheiro Manoel Freitas.
Para analisar a qualidade da elevada no "lado norte", mais próximo do centro da cidade, será necessário abrir um buraco na lateral do viaduto, o que está previsto para os próximos dias. A ação é necessária para se ter um impacto geral da degradação na alvenaria.
Em janeiro, a estrutura tremeu durante a passagem de um bloco carnavalesco a ponto de assustar muitos foliões. Freitas explica que essas movimentações são previstas, controladas por lâminas de borracha neoprene, equipamentos de apoio que evitam o contato entre os blocos de concreto. Há, porém, uma defasam na estrutura instalada no viaduto dos açorianos: trocado em 1992, a atual lâmina de borracha está "esmagada", termo utilizado pelos engenheiros que visitaram o viaduto. Para substituição, a parte superior do viaduto terá de ser içada.
Nas três faixas de rolamento em cada sentido, outro problema foi identificado: a erosão no asfalto fez com que infiltrasse água e terra nas chamadas "juntas de dilatação", um dos motivos para a degradação das paredes.
— Imagina, por exemplo, cinco ônibus freando em cima do viaduto. Eles empurram a parede pro outro lado e ela vai se movendo, aumentando o risco — complementou o diretor-geral de obras.