Quem procurar atendimento nos 22 centros de Referência e Assistência Social (Cras) em Porto Alegre encontrará movimento fora do normal. Houve aumento da procura porque, desde o dia 25 de julho, o governo federal está suspendendo os depósitos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) de idosos e pessoas com deficiência de baixa renda que não se inscreveram no Cadastro Único. Os primeiros atingidos foram os beneficiários que fazem aniversário em janeiro, fevereiro e março.
A inscrição no Cadastro Único é obrigatória, e só é possível realizá-la no Cras de acordo com a residência do beneficiário. Atualmente, 48 mil moradores de Porto Alegre recebem o salário mínimo dado pelo governo por meio do BPC. Do total, 11 mil não se cadastraram e correm o risco de ter o benefício suspenso.
Morador do bairro Passo das Pedras, Celso Ferreira Rosa, 72 anos, ficou sabendo do corte na hora de sacar o dinheiro no banco. Nascido em março, o ex-pedreiro recebe o valor há quase seis anos.
— No banco, me avisaram que estava cortado. Aí, fui no INSS e disseram que eu teria de vir aqui (no Cras). Eu tinha de atualizar o cadastro de dois em dois anos e não sabia — admitiu Celso, que procurou o Cras Eixo Baltazar, na Zona Norte, para regularizar a situação.
Desinformação
A desinformação pode ser o motivo para o grande volume de pessoas que não se inscreveram no Cadastro Único. Embora tenham recebido carta em casa enviada pelo governo, beneficiários têm dificuldades para entender do que se trata o conteúdo do comunicado.
— Muitas pessoas acham que não recebem o BPC, acham que é uma aposentadoria, por exemplo. Elas não conseguem entender que o benefício vai ser cortado — contou Aoldete Velho, coordenadora do Cras do eixo Baltazar, localizado no bairro Passo das Pedras.
Prioridade é de quem teve benefício cortado
O governo federal tem cronograma pré-definido para a suspensão dos benefícios conforme a data de nascimento do idoso ou do deficiente físico (confira o quadro).
A Fundação de Assistência Social (Fasc), da prefeitura de Porto Alegre, responsável pelo recadastramento e pelos Cras, afirma que os casos mais urgentes serão atendidos primeiro. Por isso, esclarece que os beneficiários deverão ligar para esses centros antes de irem até o local. A prioridade no atendimento é de quem já é afetado pelo corte ou que está prestes a ser atingido.
Beneficiários que foram atingidos pelo corte e que fizeram o cadastro passarão a receber novamente o valor. Caso isso não ocorra, é possível acompanhar a situação por meio da central de atendimento do INSS, cujo telefone é 135.