
Teve início nesta segunda-feira (8) o período de testes das duas faixas exclusivas para ônibus na Rua da Conceição, em frente à rodoviária de Porto Alegre. Parte de um projeto da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para priorizar o transporte coletivo, o trecho de 200 metros sinalizado com uma pintura em azul, no sentido bairro-Centro, agora permite apenas ônibus nos dias úteis, das 6h às 20h. A mudança deve ser implementada em caráter definitivo no dia 22.
A nova sinalização ampliou o espaço dos coletivos, mas manteve as três faixas para carros e demais meios de transporte — a central dá acesso à Avenida Castello Branco, enquanto as duas faixas da esquerda seguem em direção à Avenida Mauá. No trecho junto à rodoviária foram implementadas dois grandes pontos de ônibus, e instaladas placas que indicam as linhas que param em cada um deles.
Na primeira manhã das faixas exclusivas, alguns motoristas mostraram-se confusos com a nova sinalização. Durante a hora em que a reportagem esteve no local, diversos carros que deixavam o túnel invadiram por alguns metros o trecho demarcado — dois agentes da EPTC posicionados no fim do Túnel da Conceição indicavam a circulação na faixa central. O problema também foi recorrente nos acessos feitos pelo Largo Vespasiano Julio Veppo.
Até o dia 22, os agentes da EPTC vão orientar os motoristas em um período de adaptação — não são descartados ajustes na sinalização —, e não haverá sanções para quem ingressar na faixa errada. Depois disso, será aplicada multa — a circulação de outros veículos em faixas exclusivas para ônibus é considerada infração gravíssima. Quem for flagrado no local irregular receberá multa de R$ 293,27 e sete pontos na carteira de habilitação, e o veículo poderá ser recolhido.
Se para quem circulou de carro a novidade gerou hesitação, as primeiras impressões agradaram os usuários do transporte coletivo. A circulação em duas faixas e uma divisão clara das linhas em duas paradas praticamente eliminaram um drama histórico: a formação de longas filas no acesso à rodoviária.
— Ficou bom porque, agora, os ônibus param no lugar certo. Antes a gente ficava correndo para pegar os que paravam no fim da fila — conta a atendente Jaqueline Margarete da Silva, 41 anos.
Usuário da linha Serraria, o militar Antônio Provesano, 48 anos, também comemorou a mudança. Ele conta que mais de uma vez perdeu o ônibus por não conseguir deslocar-se a tempo até o fim da longa fila de coletivos.
— A gente nunca sabia onde eles iam parar. E meu ônibus passa de hora em hora. Quando perdia, chegava atrasado no trabalho — recorda.
Cada um dos novos pontos tem 32 metros, o que permite a parada de três veículos ao mesmo tempo. O primeiro abriga os passageiros de linhas que atendem as avenidas Osvaldo Aranha e Protásio Alves, enquanto o outro recebe os usuários de rotas que passam pelas avenidas Bento Gonçalves, Ipiranga, Edgar Pires de Castro, Cavalhada, Nonoai e Padre Cacique, além de passageiros das linhas Madrugadão e Circular Centro.
Atualmente, circulam pela região da Rodoviária 68 linhas urbanas, que transportam 200 mil usuários por dia. Conforme a EPTC, a distribuição das linhas nos dois pontos de embarque levou em consideração o eixo viário de atuação de cada uma delas, a quantidade de linhas e viagens em cada ponto de parada, e o volume de passageiros transportados. A empresa afirma que a medida permitirá uma redução média de seis para dois minutos no tempo do deslocamento dos ônibus naquela área.