O Flamengo, time de futebol fundado em 1979, no bairro Pedreira, em Esteio, é velho conhecido da comunidade. Há anos, participa de campeonatos e conquista títulos por onde passa. Mas o que, talvez, nem todos saibam, é que a partir dele nasceu uma iniciativa que vem ajudando muitas crianças do bairro, uma área de vulnerabilidade, a saírem das ruas.
A Sociedade Esportiva Recreativa Cultural Beneficente Flamengo, a ONG Flamengo, ou simplesmente, o Flamenguinho da Pedreira, oferece desde 2014 oficinas para a gurizada. Tudo começou com a tesoureira da ONG e estudante de Pedagogia Andréia Forte, 36 anos, que começou a dar aulas de reforço escolar, no contraturno, em uma sala emprestada do Centro Municipal de Educação Básica (CMEB) Trindade, que fica na localidade.
— Um dia, fui em uma festa de Natal beneficente em outro bairro e pensei que também poderíamos fazer algo aqui. Foi então que fizemos uma festa de Páscoa no ano seguinte. Aquilo começou a fomentar uma vontade de fazer mais — recorda Andréia.
A primeira ideia colocada em prática foi a organização de uma invernada, ação que recebeu apoio massivo dos moradores.
O projeto
Ao lado do marido e atual presidente da Sociedade Esportiva, Daniel Ferreira, 36 anos, Andréia seguiu ofertando as aulas com apoio da escola, enquanto buscava um local maior para receber as crianças. Em 2017, eles alugaram um espaço, quase em frente ao CMEB, e iniciaram uma batalha para criação de novas oficinas e de busca por novos parceiros. Atualmente, a instituição tem aulas de balé, patins, dança de rua, ritmos, psicomotricidade, reforço escolar e Libras (linguagem de sinais para a comunicação com surdos). Parte das atividades ocorre na sede e parte na quadra de esportes emprestada pelo CMEB.
Como depende de ajuda externa para se manter, tanto financeira quanto de pessoal, o Flamenguinho só tem aberto vagas conforme a disponibilidade de recursos e professores.
— Neste ano, ou seguíamos com a invernada ou com o patins. Algumas aulas estão paradas: temos os violões, os computadores para a informática, mas precisamos de professores — explica Andréia.
Para pagar o aluguel, a ONG tem promovido rifas, brechós e galetos, entre outras ações.
Sonho em construção
A organização recebe recursos do governo municipal por meio de convênios, como o Fundo de Cultura, mas essas parcerias precisam ser renovadas ano a ano e não são suficientes para manter todas as despesas. Hoje, 89 crianças e adolescentes são atendidas, além de 18 meninos e 15 meninas que são das turmas de futebol e futsal. Essas aulas são ministradas no Parque Amador, em um espaço cedido pela prefeitura em comodato por 20 anos para a ONG. É neste local que mora o novo grande sonho dos diretores e frequentadores da entidade: a construção da sede definitiva.
— Com um espaço maior e adequado, teríamos condições de atender mais pessoas. As próprias aulas de futebol já estão atraindo moradores de outros bairros — ressalta Andréia.
Kauany Almeida e Kerollyn Moreira, ambas de 13 anos, frequentam as oficinas desde o início do projeto. As duas são unânimes em dizer que estar na ONG é estar em um ambiente de aprendizado, prazer e diversão.
— Nós amamos estar aqui — revelam.
Diretor da Trindade, escola parceira e vizinha da ONG, o professor Marcelo Ohlweiler destaca a importância das oficinas para o bairro.
— Nossa comunidade convive com a vulnerabilidade, por isso todo trabalho que é realizado em prol deles é relevante. A escola, sozinha, não dá conta de tudo e a ONG surge como complemento, parceiros. Nossa intenção é apenas o bem de todos — enfatiza.
Neste sábado, a Flamenguinho realiza um baile comemorativo, na sede do América, aos 40 anos de fundação do time de futebol da Pedreira. Com os recursos obtidos, a direção pretende comprar uma Kombi para o deslocamento dos alunos a eventos.
Quer conhecer e ajudar?
- ONG Flamengo atende crianças e adolescentes do bairro Pedreira, em Esteio, e depende de ajuda financeira para manter o projeto. A sede atual é alugada.
- Os participantes recolhem tampinhas e vendem, e os recursos são aplicados na instituição.
- Também é participante da Nota Fiscal Gaúcha (por meio do programa, os cidadãos concorrem a prêmios e as entidades sociais por eles indicadas são beneficiadas por repasses).
- A ONG precisa de professores voluntários, por exemplo, para aulas de música e de informática, que estão paradas, ou contratados (neste caso, depende de doação financeira)
- A instituição fica na Rua José Pedro Silveira, 247
- O contato pode ser feito pelo telefone (51) 98609-2209 ou pela página do Facebook Fla Esteio (flamenguinho)