Com o objetivo de atingir uma taxa de 79% de cura até o ano que vem, a prefeitura de Porto Alegre lançou, nesta sexta-feira (8), o Plano de Enfrentamento da Tuberculose. O projeto prevê uma série de ações — algumas delas implementadas no ano passado — para melhorar o acompanhamento dos pacientes em tratamento e prevenir novos casos.
Somente em 2018, 1.373 pessoas foram diagnosticadas com a doença na Capital — em 2017, foram 1.318, quase 40% de todos os casos do Estado. A taxa de cura, segundo estima a Secretaria Municipal de Saúde, foi tímida: pouco mais de 50%. Quase um quarto dos pacientes abandonou o tratamento.
— O diagnóstico da tuberculose não mudou nas últimas décadas e o tratamento é praticamente o mesmo. A questão é que precisamos encontrar novas soluções para os velhos problemas — disse o secretário de Saúde, Pablo Stürmer.
Para tentar aproximar-se das taxas recomendadas pelo Ministério da Saúde — 85% para cura e 5% de abandono —, a Saúde aposta em duas frentes: deixar o acesso ao tratamento mais fácil, permitindo, por exemplo, que os pacientes possam retirar a medicação onde preferirem em vez de em local específico, e o telemonitoramento, utilizando sistemas informatizados para verificar se o paciente está fazendo o tratamento e entrando em contato com ele quando houver problemas. Desde agosto passado, a prefeitura conta ainda com um e-mail (monitorasms@gmail.com) e um número de whatsapp (51 99247-0496) voltado exclusivamente ao atendimento de pessoas com tuberculose.
— Isso é uma aventura. Fazer telemonitoramento é uma aventura. Mas a gente precisa ser aventureiro na máquina pública para tentar resolver os problemas — avaliou o prefeito Nelson Marchezan.
O monitoramento começou em agosto passado, na zona leste da Capital, onde há maior incidência de tuberculose na cidade, e se expandiu para as outras sete regiões de saúde (Leste-Nordeste, Restinga, Centro, Sul-Centro Sul, Norte-Eixo Baltazar, Noroeste-Humaitá/Navegantes-Ilhas, Glória-Cruzeiro-Cristal).
Em paralelo a isso, serão adotadas medidas preventivas, como a capacitação das maternidades para aplicar a vacina BCG — que atualmente fica a cargo de postos de saúde, o que faz com que nem todas as crianças sejam imunizadas. O exame de baciloscopia, que diagnostica a doença, será disponibilizado em todas as unidades de saúde e nos Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD).
Porto Alegre está entre as cinco capitais com maior incidência da doença no país, atrás de Manaus (104,7 casos por 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (88,5 casos), Recife (85,5 casos) e Belém (64,9 casos), de acordo com o Ministério da Saúde. O Rio Grande do Sul é o estado com maior quantidade de retratamentos da doença — a tuberculose tem cura desde que o tratamento seja feito até o final.