Incomodados com a visão pessimista que recai sobre Porto Alegre, Roberta Dias da Silva e Felipe Pimentel resolveram chamar os moradores da Capital para dois dias de debate com uma proposta: pensar como as comunidades podem se organizar para mudar a cidade. Nesta sexta (6), às 18h30min, e sábado (7), às 9h30min, o evento Cura promove debates sobre temas como a vida cultural, os problemas da segurança pública e da mobilidade urbana. Será na Fundação Iberê Camargo — a ação tem entrada gratuita, sujeita à lotação do local.
— A cidade cresceu tanto que a gente esqueceu que somos uma comunidade. As pessoas vão colocando o dedo na cara uma da outra e a coisa não anda nunca. A gente que botar todo mundo de mãos dadas pra conversar — argumenta Roberta.
O evento vai contar com oito rodas de conversas temáticas (com assuntos como politica, mobilidade, inovação social, mídia e cultura), oito palestrantes e intervenções artísticas. Integram a ação coletivos como a Ong Minha Porto Alegre, composta por um grupo de pessoas que decidiram abraçar causas da comunidade, e a Translab Urb, que propõe práticas de inovação social urbana. A programação completa pode ser acessada neste link.
Roberta conta que a ideia foi pensada em dupla, entre conversas dela com Felipe.
Morando na Europa desde o começo de 2017, Roberta começou a pensar em formas de mudar Porto alegre antes de deixar a cidade. Ela resolveu ver soluções gringas para voltar com mais embasamento. Nos primeiros seis meses, se dedicou a conhecer iniciativas de empresas. Fez mochilão, passou por Irlanda e Alemanha e agora mora em Portugal. Pretende voltar a viver na capital gaúcha depois de junho, quando termina o curso de Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade na Universidade de Lisboa. Felipe é psicanalista e professor de História e Filosofia. Leciona em Porto Alegre e São Paulo e atende em um consultório na capital gaúcha.
Para tirar o evento do papel, os organizadores buscam financiamento coletivo para levantar R$ 30 mil, valor que cobre despesas com estrutura (cadeiras, microfones, mesas), taxas e pagamento de palestrantes, artistas e produtores da ação. Até a manhã do dia 4, 30% do valor (cerca de R$ 9 mil) havia sido arrecadado entre 111 pessoas que contribuíram. É possível contribuir com a causa neste link — há um sistema de recompensa para quem colaborar. Mesmo se não arrecadar o valor total, o evento vai ocorrer, garante Roberta.
Segundo a organizadora, a partir dos debates serão propostas ações concretas para a cidade — seja outros eventos ou peças de comunicação.
— Nós queremos mudar a mentalidade de que em Porto Alegre as coisas não funcionam. A gente vê os problemas e foge pra outros lugares do mundo, e isso não resolve nada. O problema fica com quem não pode deixar a cidade — defende Roberta.