A reunião do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e da Frente Parlamentar da Assembleia Legislativa com o governo do Estado, nesta quinta-feira (11), no Palácio Piratini, trouxe boas notícias para a campanha em prol do Hospital Beneficência Portuguesa, de Porto Alegre. O secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Branco, e o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, afirmaram que o Executivo gaúcho está trabalhando para que a casa de saúde, uma das mais antigas da Capital, não feche as portas.
A proposta é abrir mais 30 leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Alegre, voltado ao atendimento psiquiátrico, que poderiam ser absorvidos pelo Beneficência Portuguesa. Para tanto, o Piratini mantém tratativas com a Secretaria Municipal da Saúde, já que a gestão do SUS na capital é feita pela prefeitura.
Segundo Gabbardo, a intenção já foi conversada com o secretário municipal, Erno Harzheim.
— Mas como a gestão do Beneficência tem uma dívida de cerca de R$ 7 milhões com a prefeitura, por serviços pagos e não realizados, a possibilidade é de que um dos quatro hospitais interessados na instituição assuma essas vagas e as distribua pelos leitos do Beneficência — detalha Gabbardo.
A alternativa é bem vista pela força-tarefa, que já está mobilizada para levar a ideia adiante.
— Isso tudo para que o hospital não feche as portas. Não podemos perder esses quase 200 leitos — destaca o deputado Pedro Ruas (PSOL), que preside a Frente Parlamentar em defesa da casa de saúde.
Conforme o secretário Erno Harzheim, há uma demanda crescente por leitos na área de saúde mental, não só em Porto Alegre, mas também no interior do Estado.
— Não há problema em adotar esses leitos no espaço físico no Beneficência Portuguesa com outro ente, outro CNPJ, para gerir essas vagas — garante Harzheim, ao destacar que a prefeitura só efetiva novos contratos com quem tenha condições plenas para executar o serviço.
Conforme a vice-presidente do Simers, Maria Rita de Assis Brasil, o sindicato e as demais entidades que integram a força-tarefa partem, agora, para viabilizar essa alternativa.
— Vamos entrar em contato com a secretaria municipal, com as instituições interessadas no espaço físico do Beneficência e com a atual administração do hospital para mantermos ele vivo — afirma, ao dizer que a primeira meta da força-tarefa é manter o Beneficência aberto pelos próximos seis meses.
A instituição passa por uma das piores crises financeiras de sua história. Com 163 anos, a casa de saúde está sem pagar os salários dos funcionários há seis meses. A falta de recursos – gerada pela combinação de diversos fatores entre problemas de gestão, ruptura de contratos e recusa de financiamentos – também impactou nos atendimentos, que reduziram de forma drástica.
Com isso, a prefeitura de Porto Alegre rescindiu o contrato mensal de 116 leitos pelo SUS. Houve troca na gestão do hospital, com a renúncia do então diretor-presidente e a posse interina do presidente do Conselho da Associação Portuguesa de Beneficência, mantenedora da casa de saúde. A partir disso, Simers e demais entidades se mobilizaram em uma força-tarefa para salvar a instituição.