Depois de quase um mês sem que o mato fosse cortado nas calçadas e canteiros da cidade, a prefeitura de Porto Alegre decidiu rescindir o contrato com a Ecopav, empresa responsável pelo trabalho. O cancelamento ocorreu na segunda-feira, e o município promete contratar um serviço emergencial para recuperar o prejuízo.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) não informou a previsão de contratação da nova empresa e de regularização da capina. Conforme o diretor-geral do órgão, Álvaro de Azevedo, os trabalhos foram paralisados em 13 de janeiro.
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Secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário afirma que a Ecopav "cruzou os braços".
– Buscamos explicar a situação financeira do município. Foi a única empresa que deixou de prestar o serviço – explica, acrescentando que a dívida, deixada pela gestão passada, é de R$ 1,7 milhão.
Luiz Alberto Poggio, vice-presidente executivo da Ecopav, relata que o município deve aproximadamente R$ 2 milhões por serviços de setembro, novembro e dezembro.
– A rescisão unilateral não se enquadra, visto que não existe empenho (garantia para o credor de que há recurso para pagar a despesa). Precisaria ter empenhado o restante do contrato para que pudesse ter validade legal – diz, destacando que a empresa vai entrar com recurso administrativo junto ao DMLU.
De acordo com Poggio, não foi realizada a capina em janeiro porque a prefeitura não deu ordem de serviço. A empresa destaca que, no ano passado, o DMLU encaminhou ofício afirmando que o pagamento seria realizado em janeiro. Entretanto, o prefeito Nelson Marchezan assinou, no começo do mesmo mês, decreto que suspendia a quitação de dívidas herdadas da gestão de José Fortunati por 90 dias, na tentativa de equilibrar as contas da prefeitura.
Enquanto a situação não se resolve, o descontentamento se espalha na mesma velocidade em que pega-pegas se agarram nas barras das calças de quem tem de atravessar matagais.
– Passa uma sensação de abandono – resume o educador infantil Leandro Abreu, 36 anos, morador do bairro Cristal.
Em seu diário deslocamento de bicicleta até o trabalho, na Vila Assunção, Leandro depara-se com uma vegetação que chega a cobrir a magrela – na orla do Guaíba, o mato ultrapassa 1,6 metro.
– Faz muito tempo que ninguém aparece para cortar, e o mato está crescendo livre. Além dos bichos que acumulam aos montes, ratos e baratas, torna-se mais perigoso, porque é um espaço a mais para assaltantes se esconderem – reclama a psicóloga Patrícia Rosa, 50 anos, moradora da Avenida Guaíba.
Nas redondezas, como na Avenida Pereira Passos, o mato ultrapassa a altura do joelho de quem caminha pelo canteiro central. Também há relatos semelhantes nas avenidas Protásio Alves e Adda Mascarenhas de Moraes, entre outros pontos da cidade.