Cedo da manhã, o ronco de motos em direção à região central de Porto Alegre anunciava que é Dia de Nossa Senhora Aparecida – e, como já é tradição há 42 anos, é dia de procissão. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) estima que cerca de 20 mil motociclistas participaram nesta quarta-feira do percurso entre a Avenida Augusto de Carvalho, no bairro Praia de Belas, e o sambódromo do Porto Seco, na Zona Norte. Além de tirar selfies com a imagem de Nossa Senhora, os participantes tiveram seus veículos, capacetes, chaves e até carteira de trabalho abençoados.
– Estamos passando por momento de crise e dificuldade, e essa é mais uma oportunidade de colocar nas mãos da Nossa Senhora até mesmo os problemas do dia a dia – comentou o padre Rodrigo Bitencourt.
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Embora Nossa Senhora não seja considerada padroeira dos motociclistas, foi adotada como protetora "porque está sempre acompanhando seus filhos nos caminhos da vida", como destaca o vigário. O motoboy Jeferson Assis do Canto, 31 anos, levou consigo uma imagem da santa que comprou neste ano.
– Ela já me ajudou com graças conquistadas, como a compra da casa – conta o morador de Gravataí, que além de dar lugar de destaque à escultura em altar na sua sala de estar, também leva a protetora para todo lugar em um adesivo na frente da moto.
O administrador Ivan Rabello, 55 anos, costumava ir à procissão quando tinha 20 poucos anos. Passou muito tempo sem participar e retornou nesta edição.
– Eu sinto que estou precisando renovar minha fé. E Nossa Senhora Aparecida tem me ajudado bastante – conta o porto-alegrense, que aproveitou para comprar fitinhas de Nossa Senhora na intenção de levar a bênção também à esposa, aos filhos, à mãe e aos irmãos.
Em função de irregularidades cometidas por participantes em 2015, a realização desta edição chegou a ser ameaçada. Neste ano, a reportagem avistou alguns motociclistas empinando a moto em via pública e andando dentro de praça, em local proibido. Gerente de fiscalização de trânsito da EPTC, Alvino da Silva não pode precisar o número de autuações, mas diz que o departamento flagrou motociclistas sem capacete, com a placa da moto encoberta ou sem placa e empinando o veículo. Mesmo assim, ele afirma que o evento foi muito mais tranquilo do que em edições anteriores. Alvino diz que não foram registrados atropelamentos ou colisões no itinerário da procissão, mas a reportagem presenciou um acidente dentro do sambódromo, com dois feridos.
Valter Ferreira, presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Estado (Sindimoto), entidade que participa há mais de 15 anos do evento, também destaca que a 42ª Procissão de Nossa Senhora Aparecida foi muito mais tranquila. O tema foi "fé sim, vandalismo não".