O Gaúcho Oriental fez um passeio pela Redenção na manhã ensolarada desta quarta-feira. A estátua de bronze de aproximadamente sete toneladas foi removida do ponto junto à Avenida João Pessoa e levada por um caminhão até o eixo monumental do parque, ao lado do chafariz.
– Não se vê isso todo o dia – disse a estudante Tainá Coleto dos Santos, 18 anos, que parou para observar a passagem.
Junto com o novo endereço dentro do parque, ganhou também uma nova placa em granito, réplica da original que era de bronze e foi roubada. Há, porém, erros nela. O primeiro é a data do centenário da Revolução Farroupilha: assinala "1835-1895", em vez de "1935". Também grafa que foi uma "homenaje de la colonia Uruguya", e não "Uruguaya". Verônica Di Benedetti, coordenadora técnica do projeto que está promovendo a revitalização dos monumentos da Redenção, informou que as alterações estão sendo providenciadas.
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Foi a primeira vez que a obra foi transferida desde que doada pela comunidade uruguaia nas comemorações do centenário da Revolução Farroupilha, em 1935. Com a construção do viaduto sobre a Avenida Loureiro da Silva, na década de 1970, ela ficou em área desprestigiada e vulnerável a atos de vandalismo, de acordo com o coordenador de Memória e Cultura da Secretaria Municipal de Cultura (SMS) de Porto Alegre, Luiz Antônio Custódio. Por isso foi levada para um local mais movimentado, onde, pelo menos em tese, ficará mais segura e será mais vista.
A transferência não teve complicações e foi muito mais rápida do que o esperado: levou aproximadamente meia hora. Para o vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul, Zalmir Chwartzmann, é o "grand finale" do projeto de recuperação dos monumentos do parque iniciado em 2014 pelo projeto Construção Cultural – Resgate do Patrimônio Histórico, do Sinduscon-RS. O próximo passo, segundo Verônica Di Benedetti, será a reconstrução das esporas e do relho do Gaúcho Oriental, que foram roubados.
– Os dados históricos e fotográficos ainda não estão muito claros, a gente precisa aprofundar um pouco mais a pesquisa para fazer com fidelidade – diz.
A escultura mais autêntica do gaúcho
O monumento do Gaúcho Oriental tem esse nome porque foi um presente da comunidade uruguaia, que oficialmente se chama República Oriental do Uruguai, como explica Luiz Antônio Custódio, e é um símbolo do homem do Mercosul. A obra de Frederico Escalada é o monumento mais autêntico de gaúcho do ponto de vista antropológico, na avaliação do professor de escultura José Francisco Alves.
– Pela indumentária, ilustra o gaúcho como trabalhador rural, do campo. O nosso Oriental veio com bota garrão de potro e chiripá, em vez da bombacha que, por incrível que pareça, é recente – destaca.
O gaúcho está escorado em uma árvore, em uma posição mais descontraída.