No primeiro dia de funcionamento do UberBlack em Porto Alegre, a reportagem de Zero Hora, sem se identificar, testou os três serviços de transporte individual de passageiros à disposição na Capital: táxi, UberX e UberBlack. Modalidade luxo do aplicativo, com carros melhores, o UberBlack tem uma tarifa 30% mais cara que a modalidade mais simples, à disposição na Capital desde novembro – o valor fica próximo da atual tarifa de táxi. Mas o preço dinâmico, que aumenta o custo da tarifa em função da demanda, fez diferença na estreia do serviço. Para a mesma corrida realizada com os três tipos de transporte, da Avenida Ipiranga até a Rua Padre Chagas, o valor da nova categoria – cuja tarifa estava em 1.5 no momento do chamado – foi de R$ 30, mais do que o dobro dos cerca de R$ 13 do UberX e quase duas vezes os R$ 18 cobrados pelo táxi.
Veja como foi a viagem
Estava pronta para perder alguns bons minutos quando solicitei o UberBlack pelo aplicativo. Poucos carros, disputados com outros curiosos pelo novo serviço, imaginei, fariam com que eu esperasse um pouco mais. Para minha surpresa, porém, em apenas dois minutos, um Hyundai Azera – preto, é claro –, parou ao meu lado e abriu o vidro se identificado. Começava minha primeira viagem na modalidade luxuosa do Uber.
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Era também a estreia do motorista nesta categoria e sua segunda corrida no Uber. Natural do interior do Estado, o jovem que se mudou para a Capital para estudar começou a atuar no UberX nesta semana. Mas com o veículo de qualidade superior, com ar-condicionado, bancos de couro e teto solar, resolveu migrar para o UberBlack. Ele optou por se manter atuando nas duas modalidades – ou seja, se você levar sorte, pode ter o mesmo serviço pagando menos.
Logo ficou claro que a experiência no UberBlack era tão nova para a passageira quanto para o motorista. Pego de surpresa pela rápida aprovação de seu cadastro para atuar na modalidade luxuosa, ele contou não ter tido tempo de se preparar como gostaria. O figurino um tanto informal – vestia camisa e calça jeans – ainda estava distante do planejado terno e gravata com que pretende atuar no UberBlack. Também se desculpou pela temperatura da água oferecida, que não teve tempo de gelar.
Em dado momento, o motorista questionou se eu me importaria de dizer que era sua amiga caso fôssemos parados em uma blitz. Novato no serviço, mostrou-se preocupado com os relatos dos colegas sobre as apreensões e supostas emboscadas para entregar os condutores que trabalham para o Uber à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
A viagem, no entanto, seguiu sem empecilhos, e o serviço cumpriu o protocolo das viagens com o aplicativo em geral: atencioso, o motorista perguntou sobre a qualidade da rádio escolhida, ofereceu água e seguiu à risca o trajeto indicado pelo aplicativo. Levamos 20 minutos para chegar no local indicado. A surpresa ruim veio com o recibo da viagem. Com o preço dinâmico em 1.5 (que aceitei quando fiz o chamado), o valor da corrida, que sem a tarifa mais alta ficaria entre R$ 16 e R$ 20, foi de R$ 30. Nos despedimos cordialmente, e fiquei satisfeita com a qualidade do serviço, mas frustrada com o preço da viagem.
Pagar o mesmo valor de uma corrida de táxi ou um pouco mais para viajar em um carro de luxo, sem dúvida, é tentador. Mas quem se preocupa com o bolso deve pensar bem antes de aceitar a tarifa dinâmica nessa modalidade.
Colaborou Júlia Burg