Na excelente entrevista realizada por Marcelo Coelho com o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Jessé Souza, o sociólogo governista foi exemplar em matéria de insultos ideológicos, de militância partidária e de chavões de passeata com o arcaico sabor dos anos 1950. Sérgio Buarque de Hollanda, Raymundo Faoro e Roberto DaMatta são liberais criadores de uma mistificação para explicar as singularidades do patrimonialismo e do atraso brasileiros; "a mídia conservadora" (será a Folha de S. Paulo, que o entrevista? Ou será esta Zero Hora?) é manipuladora; a "meia dúzia que manda no Brasil" e que quer "acesso privado às riquezas do país" e a classe média "coxinha que pagou de campeã da moralidade" indo às ruas protestar (em 2013 como em 2015) são os agentes da desgraça no país; quem não pensa como Jessé, obviamente, é "tolo". Tudo isso está em, em versão com insultos completos (e com a igual carência de argumentos), em um livro seu, A Tolice da Inteligência Brasileira, publicado pela editora Leya.