As ruas de Esteio deixarão de ver com frequência o boxeador Thaynô Ferreira, 18 anos, de Esteio, que as usava como parte dos treinos por não ter condições de pagar uma academia.
Uma corrente de ajuda formou-se logo depois da publicação da história do jovem nas páginas do Diário Gaúcho, na quarta-feira passada. Surgiram voluntários para apoiar a trajetória de vitórias dele: a academia de musculação, necessária para o reforço físico do atleta, será custeada por um doador. Ele também ganhou de outro voluntário todo o uniforme para competir no Campeonato Brasileiro de Boxe. E a oficina de boxe do Programa Integrado de Inclusão Social - onde Thaynô foi descoberto - ganhou novos equipamentos, ofertados por empresas ligadas ao esporte. Ele também foi convidado para palestrar sobre superação num evento envolvendo funcionários municipais de Esteio.
- O mais interessante é que são pessoas comuns, não empresários, que querem ajudar. Estamos felizes com o retorno. Thaynô merece este reconhecimento - comemora o treinador dele, Abílio Mendes, 35 anos, professor no programa.
Nas páginas do DG, Thaynô contou sobre as dificuldades que superou para se tornar bicampeão gaúcho de boxe, o melhor do Estado na categoria Elite (Adulto) até 69kg. De tão real, a história dele pode até lembrar um roteiro de cinema: na infância, viveu nas ruas de Porto Alegre ao lado da mãe, Liliane Vergara Ferreira, 42, e do irmão, Gabriel, 17. Depois, ao lado do irmão, morou cinco anos num abrigo municipal, até encontrar no esporte a chance de vislumbrar o novo caminho. Era nas ruas, correndo quase duas horas por dia, que ele se preparava fisicamente.
Escadinha
Em novembro, o jovem disputará pela primeira vez o Campeonato Brasileiro de Boxe, peso Meio-Médio, em Aracaju, Sergipe. Para seguir lutando, Thaynô precisou se desligar do trabalho como telemarketing. O chefe o dispensou, pois não aceitou liberá-lo para quatro dias do torneio. O sonho do adolescente é conquistar o título do Brasileiro para conseguir a bolsa atleta (R$ 925) e buscar uma vaga na Seleção Brasileira de Boxe (que treina em São Paulo).
No currículo de lutas, Thaynô contabiliza 21, duas delas por nocaute, e apenas três derrotas. Mas, apesar de sonhar alto, o jovem garante que ainda é cedo para se considerar um vitorioso no esporte.
- A vida é uma escadinha. A gente tem que subir aos poucos. Se eu olhar para trás, já me considero um vencedor. Mas ainda não consigo me ver realizado. Vou me realizar quando conseguir todos os meus sonhos - afirma, decidido.
Serviço
Quem quiser patrocinar Thaynô ou ajudar o projeto de boxe de Esteio pode contatar pelos fones 9325-7910 e 9606-5570 (com Abílio)
Superação
Voluntários ajudam jovem ex-morador de rua que se tornou bicampeão gaúcho de boxe
Doador pagará a academia para Thaynô Ferreira, 18 anos, de Esteio, treinar
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