Membro do conselho da Free Software Foundation, a maior importante instituição dedicada ao tema no mundo, o desenvolvedor de software norte-americano Matthew James Garrett, 35 anos, veio a Porto Alegre nesta semana para participar como palestrante da 16ª edição do Fórum Internacional Software Livre.
Em entrevista ao PrOA, ele questiona a ideia de que a proibição do anonimato seria uma solução para impedir a disseminação de comentários ofensivos ou criminosos:
Como conciliar o direito à privacidade com os riscos do anonimato?
O que costumamos ver é que o fato de a pessoa estar publicamente identificada não necessariamente a faz parar de ter um comportamento abusivo, porque há pouquíssimas consequências. Não queremos uma internet em que seja fácil dizer que determinada pessoa disse uma coisa maldosa, e portanto essa pessoa deve ir para a prisão ou não deve poder usar a internet. Realisticamente, acho que temos que pressupor que as pessoas vão ser desagradáveis umas com as outras. Temos milhares de anos de civilização, e as pessoas ainda são más umas com as outras. Não vamos terminar com isso mudando as leis ou forçando-as a mostrar seus nomes.
Como minimizar riscos?
O que podemos fazer é tornar mais fácil para as pessoas se protegerem contra isso, tornar mais fácil para as pessoas dizerem "eu não quero ver esse tipo de comentário". Uma coisa que vemos frequentemente é que até no Facebook, onde teoricamente não é permitido que você tenha identidade anônima, ainda vemos abusos horríveis, mesmo que se possa clicar no nome do usuário, ver sua foto, onde ele mora.
Leia também:
Liberdade e regulação do ambiente virtual gera embate
Tem crescido também o uso de robôs na web para influenciar posições políticas. Qual a sua opinião?
Esse é um problema muito antigo, apenas mudou de escala. No passado, talvez você poderia escrever panfletos com citações de pessoas que não existem, inventar pesquisas, mudar os números. Agora estão apenas fazendo praticamente a mesma coisa em outros meios, como o Twitter, tentando influenciar pessoas. Mas é um velho problema.
Veja outras partes da entrevista e a opinião de mais convidados do 16º Fisl:
* Colaborou Juliana Forner