Alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) começaram as aulas nesta semana sob o impacto de problemas estruturais da instituição. Com a interdição de dois imóveis - o chamado Prédio Novo, sob risco de desabar no Campus Central, e o edifício do Instituto de Psicologia, no Campus Saúde -, as aulas estão sendo realizadas em outros locais, alguns deles fora dos domínios da universidade.
Salas de colégios e escolas como Julio de Castilhos, Paula Soares, Rio Branco, Parobé e Instituto de Educação estão sendo utilizadas. Às vezes, porém, não tem havido sequer essa alternativa, segundo o coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS, Luciano Victorino.
- Ontem estudantes não tiveram aula porque a UFRGS, mesmo sabendo do problema desde outubro de 2014, não realocou diversas salas de aula a tempo - disse ele.
O DCE tem acompanhado o dilema dos universitários que têm de se deslocar às vezes para longe dos campi, e tenta uma reunião com o reitor Carlos Alexandre Netto. Um dos piores efeitos dessa situação é o isolamento dos estudantes da convivência nos lugares onde a vida acadêmica realmente acontece, ou seja, as sedes dos cursos. Estudar no chamado Castelinho, do curso de Direito, por exemplo, tem sido uma meta distante para alguns alunos.
- Isso está acontecendo de forma segregada. Todas as pessoas que entraram pelas cotas ou pela ampliação de vagas pelo Reuni, todas as que não estão entrando pelo acesso universal foram para fora do campus, e, principalmente, para fora da Faculdade de Direito - afirmou a presidente do Centro Acadêmico André da Rocha (Caar), Mariana Albite.
O Caar tem apoiado um grupo de estudantes do Direito que busca contornar o problema por meio de conversações com a diretoria da faculdade. Uma das porta-vozes desse grupo é a estudante do sexto semestre noturno Natália Bratti. Ela lamenta que parte dos alunos não possa frequentar o Castelinho.
- Ficamos sem acesso à biblioteca, aos murais da faculdade. A gente entra no curso, mas estuda longe - critica.
A promessa da UFRGS era de entregar o Prédio Novo para as aulas deste semestre, mas, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição, o imóvel ainda passa por obras. Depois, será necessário pedir a liberação para uso à Justiça, que o interditou formalmente. Até lá, uma alternativa discutida é a rotatividade de turmas nas salas de aula.