A insegurança no entorno e dentro do Campus Centro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, motivou a criação de uma petição online que, em menos de 24 horas, colheu mais de 3 mil assinaturas. Idealizado por alunas da Faculdade de Direito, o abaixo-assinado já se aproxima da meta estipulada para ser entregue a autoridades: 3 mil nomes.
Dezenove dias após a volta às aulas, assaltos e furtos têm alarmado quem precisa se deslocar aos prédios diariamente para estudar ou trabalhar. Criadora da petição no site Avaaz, a estudante Juliana Colombelli Candido, 18 anos, é, também, uma das idealizadoras da comunidade Ocorrências - Campus Centro UFRGS, no Facebook. Na página, alunos compartilham experiências como a publicada em 9 de março:
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Não é a primeira petição aberta pelas jovens. Em março de 2014, Juliana e três amigas organizaram um primeiro abaixo-assinado após sentirem a insegurança com relatos de casos como o de um colega espancado e o de uma menina estuprada nas imediações da UFRGS. De sala em sala, colheram mais de mil nomes e levaram à Brigada Militar (BM). A corporação pediu ajuda: que elas auxiliassem no mapeamento das ocorrências criminais, já que muitas pessoas acabam não registrando os casos - que, consequentemente, não se tornam estatísticas.
A partir de então, as estudantes passaram a trocar mensagens por WhattsApp com homens do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que atende a área, informando onde, quando e como ocorriam os crimes - compartilhados pelas vítimas na página do Facebook. A parceria surtiu efeito. Viaturas passaram a ser estacionadas nos pontos mais perigosos, e até mesmo assaltantes foram presos em função da troca de informações rápidas por mensagens. No entanto, em 2015, alunos perceberam uma queda no policiamento.
- Todo aquele esforço que tivemos foi em vão porque retiraram as viaturas. Acabou o policiamento, e a criminalidade voltou com muita força. Tu não conheces ninguém que nunca sofreu ao menos uma tentativa de assalto ou furto. É terra de ninguém - diz Juliana.
O major Júlio Cesar de Ávila Peres, do 9º BPM, atribui à redução do monitoramento do entorno da área às férias da universidade e à concentração de crimes - inclusive, estupro à luz do dia - na Redenção. Segundo ele, a queda no policiamento não tem relação com o corte de horas extras de policiais militares imposto pelo governo do Estado:
- Temos utilizado o efetivo administrativo para suprir a carência das ruas, fechando o quartel em algum turno do dia. Isso (casos de roubos no entorno da UFRGS) sempre existiu em função da proximidade com o centro. Como agora voltaram as aulas, a questão é retomar (o aumento do policiamento).
Estudantes também cobram mais segurança dentro do campus
O abaixo-assinado também pede mais segurança dentro do campus, já que há relatos de furtos nas dependências da universidade: uma bolsa no Bar do Antônio, uma mochila no bar da Arquitetura e um celular dentro da biblioteca. Segundo o coordenador de segurança da UFRGS, Daniel Augusto Pereira, apenas dois casos chegaram a conhecimento da universidade neste ano.
- Foi o que se chama na área de segurança de furto descuido: a pessoa deixa algo na cadeira, se afasta e, quando volta, não está mais lá. O problema maior é no entorno. Dentro do campus, é raro acontecer - aponta Pereira.
A UFRGS atua com um segurança terceirizado ou funcionário próprio para monitoramento de cada prédio, diz o coordenador. As faculdades de Direito e Arquitetura, por exemplo, ainda contam com câmeras de vigilância. Nos casos de furtos, as imagens foram solicitadas e serão entregues à Polícia Civil.
As estudantes que organizaram a petição irão entregá-la à reitoria da UFRGS, à prefeitura de Porto Alegre, ao governo estadual e à BM na ânsia de dias mais tranquilos para estudar.
Como participar
Para assinar a petição, basta acessar o abaixo-assinado online no site Avaaz.org, informando o seu e-mail.
* Zero Hora