Mil dias e 395 homicídios depois, os territórios da paz lançados em setembro de 2011 nos bairros Lomba do Pinheiro, Santa Tereza, Restinga e Rubem Berta continuam respondendo por um terço dos assassinatos na Capital. Continuam sendo mortas, em média, até 12 pessoas por mês nessas regiões da cidade. E o silêncio da vizinhança também segue sendo a rotina no momento de tentar solucionar estes crimes.
O Guilherme, 16 anos, porém, é uma das esperanças de que o cenário pode mudar. Morador da Vila Bonsucesso, na Lomba do Pinheiro, ele entrou há dois anos na primeira turma de aprendizagem profissional do Centro POD Juventude. E a vida deu uma guinada.
- Eu não queria nada com nada, não ia na escola e vivia na rua. Agora já consigo ajudar a minha mãe em casa e vejo outra perspectiva para a minha vida - comenta.
Do futuro que provavelmente repetisse o do pai, envolvido no tráfico, ele agora é jovem aprendiz em uma das 25 empresas parceiras do projeto considerado modelo pelo RS na Paz. Está prestes a entrar no ensino médio e sonha em voos mais altos:
- Quero fazer a faculdade de Engenharia Mecatrônica.
O Centro POD, criado como projeto-piloto em 2012 na Lomba do Pinheiro, agora deve ser multiplicado pelos outros três territórios da paz da Capital. É um dos projetos sociais ambicionados no lançamento dos territórios que começa, enfim, a pipocar em cada uma das áreas.
- A estratégia que usamos para tirar as coisas do papel foi fazer parcerias com entidades que já atuavam nas suas áreas. Este não é um programa centralizado no governo estadual, mas uma proposta de mudança cultural integrada com a comunidade - aponta o coordenador do RS na Paz, Carlos Robério Corrêa.
Ao fazer um balanço dos primeiros mil dias do programa, ele não fala em valores investidos - até mesmo porque cada projeto tem investimentos independentes e de fontes diferentes -, tampouco estipula um prazo para que o volume de homicídios seja revertido nos territórios.
- Os resultados são esperados a médio e longo prazo, porque estamos trabalhando justamente com os mais jovens, para formar uma geração diferente, com mais oportunidades, menos excluída e mais consciente do seu espaço na sociedade - afirma.
Segurança pública
Territórios da Paz em Porto Alegre completam mil dias, continuam violentos, mas projetos sociais começam a surgir
Se o índice de homicídios não caiu, ao menos os primeiros projetos sociais começam a decolar
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