O deputado Elmar Nascimento (União-BA) aceitou retirar sua candidatura à presidência da Câmara, mas antes de formalizar a decisão haverá negociações com o candidato Hugo Motta (Republicanos-PB) sobre cargos para seu partido na Casa, tanto na Mesa Diretora, quanto em comissões temáticas.
— Eu já cheguei muito longe do que eu achava que poderia chegar. Esse processo eu já comecei perdendo. Perdi um amigo que eu considerava que era o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira. Não posso desistir do que não é meu — declarou Elmar.
O líder do União vinha sendo pressionado desde quarta-feira (30) pela cúpula do partido a abandonar a candidatura. A sigla quer aderir a Motta para não perder espaços de poder na Casa, após o deputado paraibano formar uma ampla aliança, que vai do PT ao PL.
— A candidatura é do meu partido e dos outros que estavam me acompanhando. Se todos decidirem (pela desistência), eu tenho que refletir sobre isso. Não posso colocar a minha vontade pessoal acima da vontade dos companheiros. Além disso, é uma questão de que eu sou o líder do partido — afirmou.
Elmar continua como candidato até, pelo menos, a semana que vem. Na próxima terça-feira (5), deverá reunir a bancada para tratar dos termos da negociação com Motta. Na prática, contudo, a decisão de abandonar a candidatura já foi tomada.
As articulações com Motta serão lideradas por Elmar, pelo presidente do União, Antonio de Rueda, e o secretário-geral da sigla, ACM Neto.
— Essas negociações estão colocadas e eles conduzirão essas negociações e, portanto, por consequência, a retirada da candidatura do deputado Elmar — disse o deputado Pauderney Avelino (União-AM), após uma reunião na sede do partido na manhã desta quinta-feira (31).
Ao chegar para a reunião, Elmar evitou cravar, mas sinalizou pela primeira vez que pode desistir de concorrer à presidência da Câmara. Ele disse que não colocará sua vontade pessoal acima do que desejam os partidos que o apoiaram.
Preterido
Elmar chegou a ser considerado o favorito de Lira para sua sucessão, mas acabou preterido pelo alagoano, que lançou Motta para a eleição que ocorrerá em fevereiro. O líder do União tem dito a aliados que houve quebra de confiança por parte de Lira e que está decepcionado o deputado alagoano.
Após ser preterido por Lira em setembro, Elmar rompeu relações com o presidente da Câmara, de quem era amigo pessoal. Os dois só voltaram a conversar neste mês, de forma protocolar, quando Lira fez uma ligação ao deputado do União para falar sobre votações no plenário da Casa.
Para tentar se contrapor a Motta e Lira, Elmar fez uma aliança com o deputado Antonio Brito (PSD-BA), que agora também é pressionado a abandonar a candidatura à presidência da Câmara.
Motta já conseguiu o apoio de PT, PL, MDB, Podemos, PP e PCdoB, além de seu próprio partido, o Republicanos.