O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai gravar inserções com o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), para serem exibidas no horário eleitoral gratuito. A informação foi confirmada pelo próprio prefeito nesta segunda-feira (26). A primeira peça deve tratar do acordo, costurado entre a gestão Bolsonaro e Nunes em 2021, que extinguiu a dívida de São Paulo com a União em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. "A primeira (gravação com Bolsonaro) deve ser sobre o acordo que fizemos e que resultou na solução da dívida da cidade com o governo federal. Eram R$ 25 bilhões", afirmou o prefeito.
A participação de Bolsonaro na propaganda eleitoral gratuita do prefeito de São Paulo era incerta até recentemente, mas se tornou necessária após pesquisas revelarem que o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) está avançando sobre o eleitorado bolsonarista na cidade, mesmo sem o apoio formal do ex-presidente. Segundo pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, 62% dos eleitores de Marçal se declaram bolsonaristas, em contraste com 38% entre os eleitores de Nunes.
Agenda de rua
A nova conjuntura forçou Jair Bolsonaro a se envolver na campanha de Ricardo Nunes, mesmo já tendo admitido que o prefeito não é o seu "candidato dos sonhos". Além de gravar inserções para o horário eleitoral gratuito, Bolsonaro participará de uma agenda do prefeito na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Ricardo Mello Araújo, ex-presidente da Ceagesp e candidato a vice na chapa de Nunes, também participará.
Na semana passada, Bolsonaro lançou uma ofensiva contra o ex-coach nas redes sociais, compartilhando em seu canal oficial no WhatsApp um vídeo reunindo diversos momentos em que Marçal o critica. No Instagram, o ex-mandatário também ironizou um comentário do candidato. Marçal escreveu: "Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós". Bolsonaro respondeu com sarcasmo: "Nós? Um abraço".
Aliados do ex-presidente sustentam que o crescimento de Marçal nas pesquisas não apenas acendeu um alerta sobre uma possível derrota de Nunes em São Paulo como fez Bolsonaro perceber que Marçal pode representar um risco para seu projeto político de 2026, já que tem conseguido atrair o eleitorado bolsonarista mesmo sem o apoio do ex-presidente.