A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) lançou, nesta terça-feira (16), campanha institucional contra a propagação de notícias falsas. Com o título "O Direito e o Dever de Duvidar", o manifesto busca ajudar a população a se defender desses conteúdos prejudiciais por meio da educação midiática. O movimento foi divulgado na sede da entidade, no centro de Porto Alegre, e contou também com a presença de representantes políticos e de membros do Judiciário.
O presidente da ARI, José Nunes, afirmou que é importante as pessoas duvidarem antes de compartilhar determinado conteúdo. A checagem da informação em fontes confiáveis, como os veículos de comunicação que trabalham com seriedade e responsabilidade, filtra materiais duvidosos e mentirosos, conforme Nunes. Isso enaltece a verdade e o desenvolvimento da sociedade na avaliação do dirigente. Nesse sentido, reforçou que é importante duvidar, mas não ficar com dúvida:
— Nós jornalistas e todos os setores interessados em combater a desinformação podemos e devemos alertar as pessoas sobre os riscos das fraudes digitais, das montagens apoiadas pela inteligência artificial e das mentiras travestidas de verdade.
O uso de inteligência artificial para produção de vídeos falsos, colocando personalidades e autoridades em situações armadas e mentirosas foram destacadas no evento. Os organizadores avaliam que a rapidez e facilidade na produção e propagação desse tipo de conteúdo acende um alerta, principalmente em ano de eleição.
Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e colunista de Zero Hora, destacou os perigos do uso da inteligência artificial na desinformação. Essa ferramenta aumenta o grau de preocupação, segundo o jornalista. Rech afirmou que esse movimento da ARI reforça e passa um dos princípios do jornalismo para a sociedade, que é o ceticismo, importante para a precisão da informação:
— A educação midiática é a solução no longo prazo para preparar as gerações para tentar entender e desconfiar, sobretudo, da mensagem que recebe. É um grande avanço no combate à desinformação e todas as consequências maléficas que ela traz.
Rech também destacou a importância de discutir e fechar um pacto global contra a desinformação, com metas, instrumentos e coordenação internacional para enfrentar esse desafio com mais eficiência.
Processo eleitoral
Integrantes da ARI destacaram a importância de avançar na educação midiática às vésperas de mais um processo eleitoral. Ter acesso à informação de qualidade e credibilidade é importante para nortear os eleitores no pleito.
Presidente do comitê de combate à desinformação no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), o desembargador Jorge Luís Dall’Agnol, destacou que o núcleo está aberto para parcerias no âmbito da expansão da educação midiática. Usando como referência a frase de um jurista italiano, ressaltou o exercício de buscar a verdade:
— Não se chega à verdade por geração espontânea. É preciso duvidar para entender o que está acontecendo e captar a realidade dos dados — destacou Dall’Agnol.
Próximas etapas
Agora, após o lançamento da campanha, a ARI deve focar na divulgação do manifesto para a sociedade por meio de materiais em veículos de comunicação, segundo o presidente da ARI. Além desse debate, a entidade pretende estreitar o debate nas universidades.
O presidente de Honra da entidade, João Batista de Melo Filho, destacou a defesa da liberdade de imprensa e de expressão, citando a importância da responsabilidade no uso desses direitos. Também citou a necessidade de ajudar a sociedade no entendimento e compartilhamento de informações.
Já o presidente do Conselho da ARI, Luiz Adolfo Lino de Souza, defendeu a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Souza afirmou que a formação profissional é um elemento que reforça a responsabilidade, a ética e a qualidade na transmissão da informação.