Para quem esperava pelo retorno de um presidente da República à Feira Nacional da Soja (Fenasoja), em Santa Rosa, depois de um intervalo de 41 anos, Jair Bolsonaro não decepcionou. Trilhou um protocolo próprio, com entrada de moto no parque, apertos de mão e muitos cliques. E, diante de uma plateia cativa, voltou a criticar a política da Petrobras:
— Nesta semana, vocês vão conhecer um pouco mais do que é a Petrobras. Eles sabem que o Brasil não aguenta mais o reajuste de combustível em uma empresa que fatura dezenas de milhões de reais por ano.
A fala reflete a iminente alta nos valores diante de uma defasagem em relação ao preço internacional que não para de crescer. No diesel, pulou de 10% para 25%.
A Petrobras fechou o primeiro trimestre deste ano com lucro de R$ 44,5 bilhões. No discurso, Bolsonaro citou que "petrolíferas do mundo todo diminuíram bastante as margens de lucro para enfrentar a crise que existe, a guerra entre Rússia e Ucrânia".
— Falei na live (transmitida na última quinta-feira) de um sentimento de ter um novo reajuste. Isso é injustificável pelos números da Petrobras — reforçou, ao responder a pergunta de jornalistas.
No palco, ao seu lado, uma legião de políticos, incluindo os pré-candidatos ao governo do Estado Luis Carlos Heinze (PP) e Onyx Lorenzoni (PL). Para chegar até o espaço, Bolsonaro percorreu um trajeto de 17 quilômetros dentro de Santa Rosa, em meio à motociata organizada por apoiadores. E no caminho assumiu o comando de uma motocicleta. Foi a bordo do veículo que fez sua entrada no Parque de Exposições Alfredo Leandro Carlson, levando na carona o prefeito do município, Anderson Mantei (PP).
— Tive a oportunidade de fazer com ele o caminho dentro da arena, e era quase que uma histeria quando se aproximava (das pessoas). E dentro do parque também tinha muita gente — observou Mantei.
Dias antes da passagem pela feira, Santa Rosa estampava nas ruas os sinais de que preparava uma recepção calorosa com outdoors espalhados nas cores verde e amarelo com frase de apoio a Bolsonaro. O último presidente a estar na exposição havia sido João Figueiredo, em 1981, ainda no período da ditadura militar.
Em um ambiente que tem a produção agropecuária na pauta, o presidente também falou sobre temas relacionados ao setor. Destacou, como já havia feito na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), o esforço em buscar alternativas para o abastecimento de fertilizantes e na titulação de terras a assentados da reforma agrária e o reconhecimento da Organização Mundial de Comércio ao papel do Brasil na produção de alimentos. Por fim, voltou a defender o direito ao porte de armas:
— Povo armado jamais será escravizado. Cada vez mais daremos esse direito a vocês.